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Mulher de vigilante diz que marido não é bandido

Segurança matou um cliente do banco Bradesco após discussão na agência de São Bernardo

Por William Cardoso
Atualização:

SÃO PAULO - "Vou acessar a internet com a minha filha mais velha e ela vê o pai sendo chamado de noia, de bandido. Ela já entende tudo. Ele é um trabalhador, que sai todos os dias de manhã de casa para trazer o pão para os filhos", afirma a estudante Daniele Priscila Freitas Oliveira, de 28 anos. Ela é a mulher do vigilante Jônatas Pereira Lima, de 29, preso depois de matar o fiscal Sandro Cordon Antônio, de 33, nesta segunda-feira, 3, em uma agência do Bradesco na região central de São Bernardo do Campo.Os dois começaram a namorar no início da adolescência, há 16 anos, e têm três filhos: uma menina de 12, um garoto de 6, e uma recém-nascida, de 1 ano. Segundo Daniele, o marido chegou a comentar sobre a discussão que teve com o fiscal na última sexta-feira, quando o impediu de entrar na agência, que já estava fechada. "Ele falou que estava preocupado. A pessoa prometeu que voltaria acompanhado de outros para matá-lo."Daniele reafirma a versão dada pelo marido de que Antônio fez menção de sacar uma arma e que, por isso, o vigilante reagiu, atirando. Depois, foi constatado que a vítima não estava armada. Segundo a estudante, o marido não conhecia o fiscal até a última sexta, quando teve início a rixa entre os dois. Ela afirma também que Oliveira é uma pessoa caseira e que saía apenas para ir à igreja e ao trabalho. Eles moram em São Mateus, na zona leste da capital, e são membros da Assembleia de Deus. A estudante diz também que os vizinhos o conhecem como alguém tranquilo, que passeia com a filha recém-nascida nos dias de folga.Segundo Daniele, Oliveira era vigia do banco havia pouco tempo e tinha a intenção de trabalhar, futuramente, como segurança de carro-forte. "Ele tinha vontade de voltar a estudar, de fazer o supletivo. Ontem (segunda), antes de ir para o trabalho, disse para eu não esquecer de comprar um caderno para ele."Ela diz também que entende o sofrimento da família do fiscal. "Não desejaria isso para ninguém, independente de quem fosse o rapaz. Mas queria que eles soubessem que não está sendo fácil para mim também. Vou orar pela família dele", diz Daniele.Indiciado. O vigilante foi indiciado por homicídio doloso (com a intenção de matar) e acabou transferido nesta terça para um Centro de Detenção Provisória.A polícia considerou que Oliveira atacou a vítima sem dar chance de defesa. Imagens do circuito interno da agência, de uma câmera instalada em um corredor do primeiro andar, mostram que o vigilante atirou pelas costas, quando o fiscal tentava fugir depois de ser ferido na barriga.Ao todo, foram quatro tiros. Além de ferir a vítima na barriga, Oliveira acertou também dois projéteis no lado direito das costas e um no lado esquerdo.Na segunda, os pais do fiscal apareceram rapidamente na delegacia e afirmaram que pretendem que seja feita a justiça. "Claro que foi uma covardia. Um tiro na barriga e três nas costas", foi o que disse Sandra Alves Silva, mãe do rapaz.Antonio não mantinha contato com a família havia dois meses. Ele havia terminado o namoro de três anos com a terapeuta Lúcia Pires, de 45 anos. Os dois viveram na mesma casa por um ano. Na mesma época, o fiscal também abandonou o emprego em um supermercado na Rua Conselheiro Nébias, na região central de São Paulo.O corpo de Antonio foi enterrado nesta terça pela manhã no Cemitério da Vila Formosa, na zona leste da capital.

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