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Mulher diz que filho matou padrasto com espingarda para protegê-la

Versão, confirmada pelo garoto, é contestada pela filha do PM morto; viúva afirma que ele estava embriagado e tentou agredi-la com taco de sinuca

Foto do author José Maria Tomazela
Por José Maria Tomazela
Atualização:

SOROCABA - O policial militar aposentado José Geraldo Neres Ribeiro, de 49 anos, foi morto com um tiro de espingarda no abdome, na noite de terça-feira de carnaval, 28, em uma propriedade rural, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. A mulher do militar disse à polícia que o disparo foi feito pelo filho dela de 11 anos, enteado da vítima. O menino teria disparado a arma após o companheiro tê-la agredido. A versão, confirmada pela criança, é contestada por uma filha de Ribeiro, a estudante de Direito Ariane Rocha Ribeiro. Ela contratou um advogado para acompanhar o caso.

A vítima chegou a ser levada à unidade de urgência do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, mas não resistiu aos ferimentos Foto: FMRP/USP

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De acordo com a versão registrada na Polícia Civil, a família estava no sítio no distrito de Bonfim Paulista, quando o policial, embriagado, começou a discutir com a mulher e o enteado. Por volta das 21h30, o homem teria se munido de um taco de sinuca para agredir a mulher. Foi quando o menino teria apontado a espingarda calibre 32 para ele.

Ao tentar tomar a arma da mão da criança, teria acontecido o disparo. A polícia foi ao local e encontrou o homem caído, com um ferimento na barriga. Ele foi levado ao hospital, mas não resistiu. O caso foi registrado como ato infracional culposo, ou seja, crime envolvendo menor de idade e sem intenção de matar.

Durante o velório do pai, Ariane desconfiou da versão apresentada à polícia. Ela viu que o corpo tinha outros ferimentos, como a perda de parte da orelha. Segundo a jovem, o pai era um policial experiente, com 22 anos de polícia, e seria capaz de desarmar sem risco uma criança de 11 anos.

Ainda segundo ela, a casa do sítio tinha garrafas quebradas e sinal de luta. Um celular encontrado na propriedade mostra que, além do casal e do menino, outro casal estava no sítio naquele dia. O aparelho foi entregue à polícia. Ariane também questionou o fato de a companheira do pai não ter comparecido ao velório.

O advogado Diego Alvim, contratado pela jovem, informou já ter pedido novas diligências à Polícia Civil. "Uma criança de 11 anos não seria capaz de causar todas as lesões constatadas no corpo da vítima."

A polícia informou ter pedido exames de resíduos de pólvora nas mãos das pessoas que estavam no sítio na tentativa de confirmar o autor do disparo. Também aguarda o resultado dos exames feitos no corpo da vítima e da perícia na arma. A mulher e a criança também serão ouvidas.

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O Estado não conseguiu contato com a mãe do menino, que não teve o nome divulgado para preservar a criança.

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