Passe Livre não se compromete a divulgar previamente os trajetos
Em reunião no Ministério Público, representantes do movimento afirmaram que 'cada manifestação é uma tática diferente'
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Por Juliana Diógenes
Atualização:
Atualizada às 19h38
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SÃO PAULO - O procurador-geral da Justiça Márcio Elias Rosa disse nesta segunda-feira, 18, que o Movimento Passe Livre (MPL) não se comprometeu a divulgar com antecedência os trajetos dos atos. A representante do Passe Livre Viliane Pinheiro afirmou após reunião com promotores que "cada manifestação é uma tática diferente".
A militante disse que o trajeto do protesto desta terça-feira, 19, será divulgado previamente, mas não garantiu que a mesma postura será adotada nos próximos atos. "Esse não é um problema porque em 2013 nós avisávamos 40 minutos antes e tudo foi feito nos conformes", afirmou.
Segundo o procurador, "não é suficiente" a divulgação do percurso a poucos minutos do início do protesto. "Eles (MPL) argumentaram que não podem garantir (a divulgação do trajeto) para toda e qualquer ocasião. Mas há predisposição para que isso ocorra", disse. Rosa afirmou que é "razoável" a divulgação do trajeto horas antes do protesto, como ocorreu no 3º ato, na quinta-feira, 14.
O Ministério Público fez um apelo para que o Passe Livre comunique com antecedência sempre que possível. Rosa defendeu que, quando há comunicação prévia às autoridades policiais e de trânsito, o índice de incidentes é minimizado.
Em protestos, estratégias da PM e de manifestantes variam de pedradas a blindados israelenses
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Blindados Israelenses
Presentes na manifestação contra o aumento da tarifa, os blindados são equipados com sistemas não letais para dispersar tumultos: podem lançar jatos d... Foto: DivulgaçãoMais
Blindados Israelenses
Os veículos são os mesmos usados por Israel para conter palestinos na Faixa de Gaza e e o seu uso chegou a ser cogitado durante a Copa do Mundo, mas o... Foto: José PatrícioMais
Bomba de Gás
A bomba de gás lacrimogêneo é uma das principaisarmas não letais da PM. Ela pode ser arremessada com a mão ou com uma arma lançadora e provoca irritaç... Foto: JF Diorio/EstadãoMais
Bombas de Efeito Moral
Jáas bombas de efeito moral são variadas. As mais comuns fazem barulho. Apesar de ser considerada de baixo potencial ofensivo, estilhaços após a explo... Foto: Sebastìio Moreira/EFEMais
Spray de Pimenta
O spray de pimenta é usado em manifestações, ocorrências policiais e defesa pessoal. É um tipo de gás lacrimogêneo, geralmente obtido com extrato de p... Foto: Robson Fernandjes/EstadãoMais
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Bala de Borracha
Mesmo com a ponta de borracha, abala é capaz de provocar ferimentos graves. Policiais devem mirar da cintura para baixo, mas nem sempre atingem uma re... Foto: Daniel Teixeira/EstadãoMais
MPL
Protagonista dos atos contra o reajuste, o Movimento Passe Livre (MPL) ganhou os holofotes em 2013, ao impulsionar grandes protestos naquele ano. Foto: Tiago Queiroz/Estadão
MPL
O MPL organiza atos pacíficos e sempre buscou dissociar sua imagem dos black blocs, sem, no entanto, condenar a atuação violenta. Foto: Nilton Fukuda/Estadão
Trajeto
O MPL não negocia com antecedência o percurso dos atoscom a PM. Segundo a corporação, a estratégia dificulta o planejamento de trânsito e de segurança... Foto: Nilton Fukuda/EstadãoMais
Queima
Em alguns protestos, o MPL faz atos simbólicos com queima de imagens. Os manifestantes são aa favor da tarifa zero ejá colocaram fogo em catracas de p... Foto: Daniel Teixeira/EstadãoMais
Ação Direta
A tática black bloc é usada por manifestantes que consideram legítima a violência contra grandes empresas e Estado. O grupo atua por meio da chamada "... Foto: Gabriela Biló/EstadãoMais
Ritual
Nos atos, os black blocs usam máscara ou camisa preta para cobrir o rosto. Eles costumam se reunir pouco antes dos protestos ainda sem estar caracteri... Foto: JF Diorio/EstadãoMais
Ritual
Entre os black blocs, o ritual de encobrir a face é chamado de "morfar" - uma referência a série de televisão Power Rangers. Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Tropa do Braço
A PM já usou um "pelotão ninja". O grupo é especializado em artes marciais e foi treinado para atuar sem armas de fogo. Foto: JF Diorio/Estadão
Envelopamento
O "envelopamento" é uma estratégia da PM para isolar manifestantes. A tática foi usada no protesto com maior número de detidos em São Paulo, em fevere... Foto: JF Diorio/EstadãoMais
Ação direta
Os principais alvos dos black blocs são agências bancárias, concessionárias e lojas. Também já depredaram ônibus, lixeiras e telefones públicos. Foto: Felipe Rau/Estadão
Linha de Frente
A maior parte dos adeptos da tática black bloc é formada por jovens. O grupo se considera a linha de frente dos protestos. Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Visibilidade
Os black blocs também atuam para atrair atenção da imprensa - e, consequentemente, para a causa da manifestação. Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Confronto
Black blocs geralmente protagonizam confrontos com a PM. Eles usam pedaços de madeira, pedra, corrente e até coquetel molotov, um explosivo fabricado ... Foto: Nacho Doce/ReutersMais
Ao Metrô, o procurador recomendou o uso de estratégias para impedir eventuais tumultos dentro de estações, como ocorreu no 3º ato. Embora ele não tenha indicado quais medidas poderiam permitir o fluxo dos manifestantes em possíveis conflitos no interior do Metrô, uma das iniciativas pode ser a liberação das catracas para os manifestantes.
Presente no MP, o secretário municipal dos Direitos Humanos, Eduardo Suplicy, disse que o movimento propôs uma aula pública com o secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto, na próxima sexta-feira, 22. Suplicy não confirmou se Tatto vai ao encontro. Mas, de acordo com o procurador, a Prefeitura se mostrou disposta ao diálogo.
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O secretário-adjunto estadual de Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa, que participou da reunião com os promotores, não falou com a imprensa. O titular da pasta, Alexandre de Moraes, não compareceu.
Desvio de foco. A representante do MPL Viliane Pinheiro acusou a Prefeitura de São Paulo e o governo do Estado de tentar "desviar o foco" da discussão sobre o aumento da tarifa do transporte público.
"O Estado e a Prefeitura querem desviar o foco do aumento abusivo da tarifa em plena crise econômica, querem é cobrar mais da população por um transporte ruim." No encontro, Viliane também fez críticas à qualidade do transporte público.
Na primeira reunião, que ocorreu na quinta-feira, 14, em dia de protesto, o MPL não participou. O grupo realizou três atos em São Paulo e marcou a quarta manifestação para esta terça-feira, 19, às 17 horas.
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30 de junho
Manifestantes acampados na Câmara Municipal de Belo Horizonte exigem reunião com o prefeito Márcio Lacerda para deixar o local. Foto: DANIEL PROTZNER/O TEMPO
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Em nota enviada às 19h30, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que, até as 19 horas desta segunda-feira, 18, nenhum órgão estadual ou municipal foi informado pelo MPL sobre o trajeto da manifestação da tarde desta terça-feira, "diferentemente das prévias comunicações realizadas pelo MTST e Força Sindical, que também realizarão atos amanhã".
A pasta lamentou a ausência de comunicação do MPL e disse que "em respeito aos 12 milhões de habitantes que moram, trabalham e estudam na Capital, a comunicação prévia deve ser feita em tempo razoável para que seja realizado planejamento viário e de segurança".
A SSP afirmou que vai entrar em contato com as autoridades municipais para solicitar "as medidas necessárias para o trajeto que será divulgado amanhã (terça-feira) pela manhã, com a saída no local veiculado pelos manifestantes".