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Quatro pessoas são detidas em protesto contra o aumento da tarifa do transporte público em São Paulo

Polícia Militar impediu a saída dos manifestantes na região central da cidade

Por Luiz Fernando Toledo
Atualização:

SÃO PAULO - A Polícia Militar deteve quatro manifestantes, três homens e uma mulher, que estavam na concentração do terceiro ato contra o aumento da tarifa de ônibus em São Paulo, na Avenida São João, centro da capital paulista. O ato é organizado pelo Movimento Passe Livre (MPL). Segundo o major José Luiz Gonçalves disse à reportagem, o grupo foi revistado e, com eles, foi "encontrado material inflamável": um martelo, uma garrafa de álcool e spray de tinta. O grupo foi encaminhado ao 3° Distrito Policial. A Polícia Militar também impediu a saída dos manifestantes. Eles pretendiam subir a rua da Consolação até a Avenida Paulista. O motivo, segundo a corporação, foi evitar que dois atos aconteçam ao mesmo tempo, já que a Paulista abrigará um ato de vigília do Movimento Brasil Livre (MBL). Segundo a PM, o grupo havia avisado do ato previamente, diferentemente do MPL. A Polícia Militar apresentou outro motivo para impedir a saída dos manifestantes do Movimento Passe Livre (MPL) do ato contra o aumento da passagem. Eles portam bandeiras feitas de canos de PVC. Para o comando da corporação, o material pode ser usado pelo grupo como arma.

Bandeiras feita de cano de PVC Foto: Luiz Fernando Toledo/Estadão

+++ Grupo protesta em inauguração da estação de metrô Higienópolis-Mackenzie Este é o terceiro protesto contra o aumento da tarifa de ônibus na capital paulista, que subiu de R$ 3,80 para R$ 4 neste ano. A concentração do ato foi centrada no cruzamento entre as avenidas São João e Ipiranga. Até o final da tarde desta terça-feira, 23, mais de 750 pessoas haviam confirmado presença no evento no Facebook. +++ Estação Higienópolis-Mackenzie é inaugurada em São Paulo O primeiro confronto do movimento, no dia 11, acabou em tumulto no centro da capital paulista. A Polícia Militar usou bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo para dispersar um grupo que tentava invadir a Estação Brás da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) para pular a catraca, após o término do ato.  No segundo ato, no dia 17, houve confusão e vandalismo na região do Largo da Batata, em Pinheiros, zona oeste da capital. Ao menos cinco pessoas foram detidas. Um grupo de manifestantes usou lixo para montar uma barricada e bloquear vias. Em seguida, depredou uma agência bancária, abrigos de ônibus e caminhou pela Rua Pais Leme em direção ao Terminal Pinheiros. A Polícia Militar usou bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo.+++ 'Nós vamos enfrentar e derrotar o PT', diz Alckmin Em 2017, o valor unitário do ônibus, metrô e trem ficou congelado em R$ 3,80, após promessa de campanha feita pelo prefeito João Doria (PSDB). Em compensação, o valor da tarifa integrada entre ônibus e trilhos (metrô ou trem) teve reajuste de 14,8%, chegando a R$ 6,80. A medida, que chegou a ser suspensa por três meses pela Justiça, motivou uma série de protestos na capital, que não surtiram efeito. O MPL foi criado em 2005 com a bandeira da "tarifa zero", defendendo gratuidade total do transporte coletivo. O movimento, porém, só ganhou expressão em 2013, quando organizou os atos contra o aumento de R$ 0,20 no valor da tarifa em São Paulo (de R$ 3 para R$ 3,20 na ocasião), que acabaram se espalhando por todo o País depois da aumento da repressão policial. Naquele ano, Alckmin e o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) acabaram sendo à pressão das ruas e revogaram o aumento no preço das passagens. Agora, o prefeito João Doria disse não temer os atos. "Não vejo perspectivas de profunda adesão (a protestos), sobretudo na população mais sensível e que compreende que esses 20 centavos, além de facilitarem o troco, representam 30% abaixo da inflação acumulada em dois anos", disse Doria à Rádio Eldorado neste mês. Se a correção pela inflação desde 2016, quando houve o último reajuste, fosse aplicada, o preço da passagem subiria para R$ 4,14.