MPL convoca novo protesto por CPI dos Transportes e aula pública

Manifestantes querem investigação na Câmara Municipal sobre o setor de ônibus na cidade; base de Haddad teme abertura de comissão

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Por Caio do Valle
Atualização:

SÃO PAULO - O Movimento Passe Livre (MPL) convocou para as 13h desta quarta-feira, 26, um protesto em frente à Câmara Municipal de São Paulo para pressionar os vereadores a abrirem a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Transportes. A auditoria, caso seja instalada pelo Legislativo, investigará a "caixa-preta" dos gastos da Prefeitura com as empresas e as cooperativas responsáveis pelo serviço de ônibus na capital.

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Em sessão na terça-feira, 25, a base governista conseguiu adiar a votação para a criação da CPI. Mais cedo, o prefeito Fernando Haddad (PT) havia almoçado com a bancada petista na Câmara, desfavorável à comissão, que pode desgastar o governo municipal.

O MPL, em uma nota colocada em sua página no Facebook, divulgou que "ninguém sabe direito o que acontece com o nosso dinheiro quando ele passa para as empresas" de ônibus. "Por que reduzir os impostos que elas pagam se elas já recebem centenas de milhões dos cofres públicos sem qualquer controle da população? Precisamos saber a verdade por trás dessa máfia dos transportes e mexer no lucro dos empresários, responsáveis pelo sofrimento cotidiano da população", informou o movimento.

Na segunda-feira, 25, o secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto, afirmou que uma CPI iria "achacar" o setor de transportes. A declaração não foi bem recebida pelos vereadores e Tatto teve de se desculpar, por meio de nota lida por seu irmão, o vereador Arselino Tatto (PT), líder do governo na Câmara.

"Não tem caixa-preta", disse o secretário Tatto em um evento na Universidade de São Paulo (USP), na zona oeste na segunda-feira. "Depois da implantação do bilhete único na cidade de São Paulo, você sabe exatamente quantos passageiros pagantes tem no sistema, quantos passageiros têm gratuidade e meia-entrada, você sabe quanto exatamente que entra de subsídio e sabe também para onde vão esses recursos."

Tatto declarou ainda ser "totalmente contra" a abertura de uma CPI para investigar a área que comanda na Prefeitura.

Pizza. O MPL informou que vai atrás do que se passa no setor "com ou sem CPI", já que sabe que, "numa Câmara dominada pela Prefeitura, a chance de pizza é grande" e que "os vereadores já tiveram a cara de pau de adiar a votação da CPI".

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Para o evento desta tarde, quase 4 mil pessoas já haviam confirmado presença pela internet. Embora as discussões em torno do assunto estejam na pauta desde a semana passada, o prefeito Haddad ainda não se manifestou publicamente sobre o que acha da criação de uma CPI para investigar o sistema de transportes paulistano.

O autor do pedido para instalar a CPI dos Transportes é o vereador Ricardo Young (PPS). Uma nova votação nesta quarta deve definir se a comissão será aberta.

Aula pública. Além de instigar o Legislativo a apurar o que se passa na "caixa-preta" dos transportes públicos, o MPL promoverá nesta quinta-feira, 27, uma aula pública em frente à Prefeitura de São Paulo sobre tarifa zero e mobilidade urbana.

O ex-secretário municipal dos Transportes Lúcio Gregori, que atuou na gestão de Luiza Erundina, nos anos 1990, será um dos palestrantes, ao lado do professor Paulo Arantes, do Departamento de Filosofia da USP. Gregori é um dos idealizadores do conceito de tarifa zero nos ônibus de São Paulo.

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O evento ocorrerá a partir das 17h no Viaduto do Chá, em frente à sede do governo municipal. Caso chova, segundo o MPL, a ação será realizada embaixo do viaduto.

Em entrevista na segunda-feira, o secretário Jilmar Tatto afirmou que uma das propostas que chegaram à sua mesa sobre os transportes públicos é a da tarifa zero. Outra é a de voltar a estatizar o sistema de ônibus municipal.

Atualmente, a gestão Haddad está novamente em processo de renovar os contratos com as empresas e cooperativas de ônibus da capital - assinados há uma década na gestão da petista Marta Suplicy. O custo da nova licitação, que vale por até 15 anos, é de R$ 46,3 bilhões - o maior da história.

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