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Móveis feitos sob encomenda para a Bloch vão a leilão

Por Bruno Boghossian/RIO
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Poucas empresas podem contar com o luxo de ter como sede um prédio projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, mobiliado com mesas e cadeiras desenhadas por Sérgio Rodrigues e decorado com obras de artistas como Portinari. Excessos como esses, no entanto, couberam bem na conta da Bloch Editores - dona da TV Manchete - em sua fase de ouro, refletindo a grandiosidade e o prestígio de um dos maiores impérios de comunicação do País no século passado. Dez anos depois do pedido de falência da empresa, o patrimônio que compunha praticamente um museu de design e artes plásticas no bairro da Glória, zona sul do Rio, está nas mãos de colecionadores. Hoje, 20 móveis assinados por Rodrigues e pelo português Joaquim Tenreiro - muitos desenhados exclusivamente para Adolpho Bloch, ainda com as plaquinhas e o número de série da empresa - vão a leilão, não com o objetivo de arrecadar fundos para o pagamento de dívidas, mas como obras de arte e peças históricas. "Ele era apaixonado pelos meus móveis", afirma Rodrigues, de 82 anos, sentado à mesa de mogno maciço da sala de Bloch. "Aqui ele recebia Juscelino Kubitschek e outros presidentes." Além da mesa de Bloch, avaliada em R$ 5.600, serão oferecidos um conjunto de cadeiras da sala de reuniões da empresa (R$ 9.600) e uma mesa de jacarandá (R$ 11.000) - peças raras, segundo a marchand Soraia Cals. "O design de Sérgio é muito original. Todos os móveis da década de 50 eram mais ou menos iguais porque se copiava muito o modelo europeu. Ele criou uma identidade única para o mobiliário brasileiro", explica.

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