Morador faz protesto criativo contra obra

Ricardo Fraga Oliveira convida quem passa por avenida na Vila Mariana a manifestar-se contra futura construção de três torres em área de 10 mil m²

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Por Marici Capitelli
Atualização:

Pedestres são convidados a subir em uma escada e a espiar por cima de um muro na Avenida Conselheiro Rodrigues Alves, na Vila Mariana, zona sul de São Paulo. No topo dos degraus, eles se deparam com um terreno de quase 10 mil m². Ali só há mato e terra, mas em breve o local vai receber três torres de apartamentos, cada unidade custando de R$ 2,5 milhões a R$ 5 milhões. E é isso que o protesto com a escada quer evitar.A manifestação, batizada de O Outro Lado do Muro - Intervenção Coletiva, começou em 7 de julho, com a autoria de um morador do bairro, o engenheiro agrônomo e advogado Ricardo Fraga Oliveira, de 47 anos. "Como esse muro está no imaginário das pessoas, já que está há tantos anos no bairro, quis que elas olhassem por cima dele." Depois de olhar a área, as pessoas escrevem ou desenham suas opiniões em um pequeno quadro e fotos dos desenhos são penduradas em um varal na frente do muro.Oliveira planejava um protesto de um dia, mas agora ele acontece todos os sábados, das 9h30 às 16h30. Já foram feitas cerca de 250 imagens, que pedem uma cidade mais verde. Um deles questiona: "O que vai te salvar? A árvore ou o prédio?" Contrapartida. As obras não começaram porque a Prefeitura está reavaliando um termo de conduta ambiental da Mofarrej Empreendimentos e Negócios Imobiliários, responsável pela construção dos prédios. Alguns moradores defendem que o espaço deveria ser público - uma área para a terceira idade ou uma praça. "Um projeto que não tivesse tanto impacto na vizinhança", diz Flávio Carrança, de 59 anos, que vive no bairro há 23. O que todos reivindicam é uma contrapartida da construtora. "Se o empreendimento é inevitável, que tenha pelo menos uma parte de uso público", diz o músico Júlio Giudice Maluf, de 45 anos.Em nota, a Mofarrej informou que o empreendimento "está regularmente aprovado, após minucioso estudo e exigências pelos órgãos públicos". "Todas as contrapartidas de tráfego, ambientais e urbanísticas foram solicitadas pela Prefeitura e todas serão devidamente cumpridas."

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