Monumento às Bandeiras é pichado 2 vezes em 24h

Grupos fizeram inscrições contra mudança nas regras para demarcação de terras indígenas

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Por Redação
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Um dos mais famosos cartões-postais de São Paulo, o Monumento às Bandeiras foi alvo de duas pichações em menos de 24 horas, ambas contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215. O projeto tira do Executivo a definição sobre a delimitação de terras indígenas e passa para o Congresso Nacional.

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A obra já amanheceu pichada nesta quarta-feira, 2. Pouco antes da zero hora, de quatro a seis pichadores foram para a frente do monumento. Escreveram "Bandeirantes assassinos" e "PEC 215 Não". A ação durou poucos segundos. Os pichadores temiam que imagens das câmeras ao redor do monumento acionassem o Centro de Operações da Polícia Militar (Copom). O grupo alega já ter participado de diversas pichações, incluindo ações no Teatro Municipal e na Prefeitura.

A administração municipal reagiu rápido. À tarde, uma empresa de limpeza contratada pelo Departamento de Patrimônio Histórico - órgão da Secretaria Municipal de Cultura - encarregou-se de limpar a obra. De acordo com a secretaria, o serviço foi feito por "jateamento de água limpa e quente, com pressão determinada para o tipo de material do monumento", mas também foram "utilizados removedores químicos". Até o início da noite desta quarta, não foi especificado quanto a operação custou.

Tinta e prisão. Mais tarde, porém, um novo protesto contra a PEC resultou em ato de vandalismo. Os ativistas - grande parte de etnias indígenas - começaram a chegar às 15h30 ao vão livre do Masp, na Avenida Paulista. Estavam pintados e usando trajes tradicionais. Ao longo de uma hora, dançaram e cantaram músicas indígenas. Perto das 17h30, os manifestantes iniciaram uma marcha pela avenida, interditada nos dois sentidos. Houve confronto entre manifestantes e policiais. Segundo a PM, ao menos uma pessoa foi detida. Os manifestantes caminharam pela Avenida Brigadeiro Luís Antônio, sentido bairro, até o Monumento às Bandeiras.

No local, por volta das 21 horas, além de subir na escultura, manifestantes jogaram tinta vermelha e escreveram mensagens como "Bandeirantes Assassinos". Um pano vermelho foi estendido e cartazes contrários à PEC 215, colocados ao redor da obra.

Procurado para falar sobre a primeira pichação, o engenheiro Victor Brecheret Filho, de 71 anos, disse estar "espantado", "chocado" e "horrorizado" com o que ocorreu. "Meu pai orgulhava-se da solidez dessa obra. Ele costumava brincar que, mesmo que caísse uma bomba atômica em São Paulo, permaneceria intacta", afirmou ao Estado. Ele sugeriu que seja adotada em São Paulo uma solução semelhante à que protege a escultura La Carreta, de José Belloni, em Montevidéu, no Uruguai. "É um detector de passagem, com feixe de luz, capaz de acionar uma sirene quando alguém passa", explicou.

Brasília. Um grupo de índios também protestou na frente do Congresso Nacional, em Brasília. De acordo com a PM do Distrito Federal, cerca de 200 pessoas participaram na manifestação. O grupo tentou, sem sucesso, invadir a Câmara dos Deputados por um prédio anexo. / EDISON VEIGA, BRUNO PAES MANSO, LAURA MAIA, MATEUS FAGUNDES e RICARDO DELLA COLETTA

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