Ministro defende uso de cobaias e critica 'foras da lei'

Raupp e sociedades científicas se manifestam a favor das pesquisas; gerente do Royal pede apoio para continuar o trabalho

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Foto do author José Maria Tomazela
Por Daiene Cardoso , José Maria Tomazela , BRASÍLIA e SOROCABA
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O ministro de Ciência e Tecnologia, Marco Antônio Raupp, disse nessa quarta-feira, 23, que ativistas que levaram 178 cães da raça beagle do Instituto Royal agiram "fora da lei". "Ninguém deve se precipitar dessa forma, tem de respeitar a lei em primeiro lugar", declarou o ministro, após participar de uma audiência pública na Câmara dos Deputados.Raupp afirmou que o Conselho Nacional de Experimentação Animal (Concea) não registrou irregularidades na atuação do Instituto Royal e que o Ministério Público está apenas "acompanhando se os licenciados estão dentro da lei".O ministro lembrou que a utilização de cobaias é permitida pela Lei Arouca, que regula o uso de animais em pesquisas. "Se especialistas da área acham que não é possível fazer uma pesquisa, desenvolver um novo medicamento contra o câncer, para cosméticos, para o que for, se for necessário, sou favorável que se use os animais. Não tenho nenhuma posição ideológica ou fundamentalista sobre o assunto. A minha posição é objetiva em função dos interesses das pesquisas no País", declarou Raupp. E disse que todas as discussões sobre o assunto foram feitas na época da tramitação da lei, mas ressaltou que está aberto ao diálogo.Várias entidades científicas se manifestaram ontem em apoio ao Royal e ao uso de animais na ciência. "É necessário esclarecer a sociedade brasileira sobre o importante trabalho de pesquisa realizado no Instituto Royal voltado para o desenvolvimento do Brasil", escreveram Jacob Palis, da Academia Brasileira de Ciências, e Helena Nader, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. "É preciso que o obscurantismo seja erradicado do nosso meio para que a sociedade possa usufruir dos recentes avanços científicos e dos que ainda serão produzidos", diz manifesto da Federação de Sociedades de Biologia Experimental. Prejuízo. Por meio de um vídeo postado nessa quarta-feira, 23, Silvia Ortiz, gerente geral do Royal, pediu apoio à sociedade para retomar as atividades. "Nós persistiremos pela fé que temos na relevância das pesquisas que fazemos", afirmou. O vídeo é uma resposta à mobilização de ativistas pelas redes sociais para fechar o instituto. Segundo a gerente, até ser invadido e depredado, o instituto fazia testes de segurança para medicamentos e fitoterápicos para tratamento e cura de várias doenças, como câncer, diabete, hipertensão e epilepsia, bem como para o desenvolvimento de antibióticos e analgésicos. "Assim como em qualquer país, essas pesquisas são feitas em animais antes que passem para a fase de pesquisa clínica em seres humanos." Ela nega o uso de cães para testes de cosméticos e produtos de limpeza, classificando as acusações dos ativistas como mentirosas. No vídeo, Sílvia rebate as denúncias de maus-tratos, alegando que os cães contavam com a assistência de nove veterinários, tinham alimentação saudável e atividade recreativa. A raça é usada, diz ela, por causa do padrão genético e pela similaridade com a biologia humana.

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