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Ministra acusa Sabesp de investir menos que o preciso para evitar crise

Izabella Teixeira se reuniu nesta terça-feira com especialistas em recursos hídricos na Agência Nacional de Águas

Por Nivaldo Souza
Atualização:

Atualizada às 23h17

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A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, acusou nesta terça-feira, 22, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) de investir menos do que o necessário para evitar a crise no abastecimento em São Paulo. Ela participou de reunião com sete especialistas na Agência Nacional de Águas (ANA) para avaliar o problema e, ao deixar o encontro, afirmou que saiu “mais preocupada do que entrou”.

Embora tenha evitado politizar o tema para “não contaminar o ambiente politicamente”, já que a tensão hídrica ocorre no principal Estado administrado pelo PSDB, a ministra criticou a companhia. “A ANA detalhou os investimentos necessários para cada município. São Paulo pegou isso, fez o plano estratégico da macrometrópole e tem todos os investimentos desenhados. Agora, a leitura é de que os investimentos feitos se revelaram insuficientes, segundo alguns especialistas, para fazer frente à crise”, afirmou.

O tom usado por Izabella foi diferente do mês passado, quando ela disse que o governo federal estava “colocado” ao lado da administração paulista. Agora, segundo a ministra, os especialistas foram unânimes em afirmar que a Sabesp demorou para iniciar aportes na infraestrutura de abastecimento. “Os investimentos podiam ter sido feitos desde 2004”, disse. 

O governo trabalha agora com o argumento de que faltou ao governo paulista informar com mais clareza a gravidade da falta de água em São Paulo. “A ênfase da gravidade não foi apresentada ainda para as pessoas”, disse o diretor-presidente da ANA, Vicente Andreu. 

Sem El Niño. Os especialistas fizeram uma previsão pessimista em relação à possibilidade de chuvas a partir de outubro no Sistema Cantareira. “Não está assegurado que havendo o El Niño no País haverá chuvas. Não há uma correlação de que o El Niño traz chuvas. Ele poderá acentuar ou trazer um terceiro ano de seca no País”, indicou.

O grupo reunido na ANA discutiu como medida preventiva a cobrança de uma conta de água mais cara para quem aumentar o consumo, a chamada “tarifa progressiva”. “O acréscimo de consumo deve ter também um acréscimo no valor da conta”, sugeriu o diretor-presidente da ANA. Na semana passada, o governo paulista descartou cobrança de multa.

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Procurada pelo Estado, a Sabesp informou, em nota, que o abastecimento está garantido até março de 2015, mas não respondeu diretamente às críticas da ministra. Segundo a empresa, a seca que esvaziou o Cantareira é “a maior crise hídrica em 84 anos”. O sistema tem capacidade para 400 bilhões de litros, mas está com 182 bilhões. A Sabesp disse que, caso haja o prolongamento da seca, outros 100 bilhões poderão ser usados. “É errado dizer que o Cantareira tem apenas 18% da capacidade para atender a população. Se necessário, a outra parte da reserva técnica pode ser acionada.”

A estatal afirma que está adotando ações para evitar a falta de água e que investiu R$ 9,3 bilhões entre 1995 e 2013 “em medidas para aumentar a segurança do abastecimento”. 

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