Instaladas há quatro anos, as portas de plataforma da Estação Vila Matilde, na superlotada Linha 3-Vermelha do Metrô, nunca funcionaram. Agora, a empresa, que é controlada pelo governo do Estado, promete finalmente entregá-las à operação, em setembro. Entretanto, outras 12 paradas que receberiam o equipamento - feito para impedir a queda de pessoas e objetos nos trilhos - deixarão de receber o mecanismo, pois o contrato com o consórcio responsável será rescindido. A decisão foi anunciada por meio de nota do Metrô de São Paulo. De acordo com a companhia, o cancelamento ocorrerá porque faltou "capacidade" às empresas envolvidas no projeto. Dessa forma, estações movimentadas como República e Sé, previstas para ganhar as barreiras de vidro, ficarão sem elas. "O consórcio contratado para executar os serviços era formado por duas empresas: uma coreana (Poscon) e outra brasileira (Trends), que apresentou problemas de ordem financeira, levando à paralisação dos serviços no início de 2011", divulgou a companhia. A empresa estrangeira assumiu sozinha a instalação das defensas na sequência, tendo retomado o serviço em 2012. Segundo o Metrô, no entanto, houve atraso, o que levou à aplicação de uma multa de cerca de R$ 7 milhões, correspondente a 10% do valor total do pacote contratado de portas de plataformas nas estações antigas. O Ministério Público Estadual (MPE) chegou a abrir um inquérito no ano passado para investigar a instalação. Havia suspeita de improbidade administrativa. Atualmente, apenas três estações da Linha 2-Verde, como a Vila Prudente, e as seis paradas já entregues da Linha 4-Amarela, entre as quais a Paulista e a Butantã, têm o dispositivo. A adoção das portas de plataforma, conforme especialistas, minimizaria atrasos e falhas. Hoje, com a superlotação, muitos passageiros seguram as portas comuns, por exemplo, e causam atrasos.Gasto. A estudante Raquel Marinovic, de 18 anos, às vezes pega o trem na Estação Vila Matilde. Em sua opinião, até agora, o dinheiro público foi gasto à toa com a colocação das portas na parada. "Isso aqui fica lotado de manhã cedo, com muito empurra-empurra, chega a ser perigoso e elas poderiam ajudar." Já a esteticista Dariane Simas, de 26 anos, conta que já viu uma bolsa cair nos trilhos, durante um horário de pico. "Tinham de instalar esses equipamentos em todas as estações."