Manifestação contra morte de adolescente fecha a Marginal do Tietê

Elivelton Bento da Silva, de 16 anos, morreu na segunda-feira após cair da moto em que trafegava na Marginal

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Por Artur Rodrigues , Bruno Ribeiro e Monica Reolom
Atualização:

SÃO PAULO - A pista local da Marginal do Tietê, entre as pontes do Limão e Julio de Mesquita Neto, sentido Rodovia Castelo Branco, foi fechada nesta terça-feira, 21, duas vezes, pela manhã e à noite. Nos dois casos, grupos protestavam contra a morte de um adolescente em um acidente de trânsito. Para conter a primeira manifestação, a Policial Militar tomou uma decisão atípica: convocou a Força Tática de uniforme de educação física.

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Na manhã, o grupo colocou fogo em pedaços de madeira e pneus, bloqueando toda a pista local. Motoristas tiverem de voltar na contramão para pegar a pista expressa. O Corpo de Bombeiros foi acionado e conteve as chamas. Já no fim do dia, de dentro do conjunto habitacional Cingapura, os manifestantes atiraram pedras e restos de entulho na pista, atingindo carros. A PM invadiu o conjunto habitacional para parar os manifestantes, atirando bombas de gás e balas de borracha.

A avó do menino que morreu foi uma das feridas. "Tentei socorrê-la, mas os PMs não deixaram", disse o vendedor Maurício Conceição da Silva, de 26 anos, irmão do rapaz morto. Ela machucou a perna com o estouro de uma bomba.

Segundo alguns moradores, pessoas aproveitaram a manifestação para fazer um arrastão no alto da Ponte Julio de Mesquita Neto. A polícia não confirma a informação.

A PM bloqueou todas as faixas da Marginal do Tietê às 20 horas e até as 23 horas elas não haviam sido liberadas.

Motivo. Elivelton Bento da Silva, de 16 anos, morreu na madrugada de segunda-feira. Ele estava dirigindo uma moto na Marginal, na altura da ponte do Limão, quando bateu em um poste. "Temos testemunhas de que foi a polícia que fechou a moto dele, tentando abordá-lo", disse um dos manifestantes, que não quis ser identificado. O irmão da vítima foi mais contido. "Não sabemos como ele morreu. Só que deu entrada no IML como indigente. O protesto é para esclarecer o que houve."

A Polícia Civil registrou o caso como acidente de trânsito. Segundo o boletim de ocorrência, havia marcas de frenagem na pista e a moto foi encontrada com danos na parte direita. Na versão oficial, uma pessoa ligou para a polícia e afirmou que o jovem perdeu o controle e bateu no poste. Foi feita perícia.

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Uniforme. Para conter a manifestação pela manhã, a Força Tática agiu com o uniforme usado apenas dentro dos quartéis, durante exercícios físicos (camisetas brancas e shorts azuis).

De acordo com a PM, o comandante responsável pelo pelotão determinou que os policiais fossem com o uniforme para "otimizar o tempo de atendimento". A corporação admite que a decisão é atípica, mas "proporcionou resultado satisfatório, uma vez que não houve tempo hábil para aglomerar muitas pessoas e as vias foram liberadas".

O coronel Ricardo Jacob, vice-presidente do conselho da Associação dos Oficiais Militares do Estado de São Paulo, criticou a atitude e classificou o gesto como "um desrespeito com a população". "Não usar o uniforme está fora dos padrões de atendimento. A polícia usa uniforme para que a população a reconheça", afirmou.

O jovem morreu após cair da moto em que trafegava na madrugada de segunda no sentido Rodovia Ayrton Senna da Marginal.

"Temos testemunhas de que foi a polícia que fechou a moto dele, tentando abordá-lo. O caso foi registrado como acidente de trânsito", disse um dos manifestantes, que não quis se identificar. Segundo ele, o caso está no 90º DP, na Vila Leopoldina.

O grupo, que é morador de uma comunidade próxima do local, colocou fogo em pedaços de madeira e pneus, bloqueando toda a pista local. Motoristas tiverem que voltar na contramão para pegar a pista expressa.

 

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