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Líder comandava quadrilha que roubava remédios de dentro da prisão

Detido na Operação Medula 1, Stefano Mantovani Fernandes teve ajuda da mulher e de cunhado nas fraudes

Por Camilla Haddad e Gio Mendes
Atualização:

SÃO PAULO - De dentro do Centro de Detenção Provisória (CDP 1) de Pinheiros, na capital paulista, Stefano Mantovani Fernandes, condenado a 14 anos de prisão por receptação e venda de remédios da rede pública, conseguiu apenas com o uso de um celular e quatro chips, apreendidos na terça e na quarta-feira, desviar medicamentos de alto custo de hospitais públicos. Segundo a Polícia Civil, o esquema de Fernandes tinha o apoio, do lado de fora, de sua mulher, Débora Aretuza Fulep da Luz, e do cunhado dele, Rodrigo Eduardo de Paula. Eles também foram detidos ontem.

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A promotora Beatriz Lopes de Oliveira, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), disse que Fernandes vai cumprir castigo em um novo local: será levado ao temido Regime Disciplinar Diferenciado (RDD). Ele já havia sido preso, ao lado do pai e das duas irmãs, na Operação Medula 1, em setembro de 2009, que investigou o furto de remédios e a distribuição em 13 Estados. Na ocasião, o pai dele, Dahir Fernandes Filho, foi apontado como o líder da quadrilha e o responsável pelo aliciamento de funcionários dos centros médicos.

Segundo a investigação, Dahir pegava os medicamentos furtados pelos funcionários e os repassava para distribuidoras que estavam em nome das filhas, Giovana e Giuliana Mantovani Fernandes. Stefano na época tinha a tarefa de cuidar do depósito dos medicamentos, que ficava na Rua Nazaré, em São Caetano do Sul, no ABC paulista. A operação prendeu nove pessoas, incluindo um genro de Dahir. Entre os medicamentos apreendidos estava o MabThera, usado no combate ao câncer.

Trata-se do mesmo medicamento encontrado ontem e na Operação Medula 2, em maio de 2010, quando seis suspeitos de desviar medicamentos de um posto de distribuição da rede pública estadual na zona sul de São Paulo foram detidos. À época, o prejuízo foi de R$ 8 milhões. As investigações da Operação Medula 3 duraram seis meses, contaram com o uso de escutas do presídio, e foram coordenadas pela Corregedoria Geral da Administração, órgão do governo estadual ligado à Casa Civil do Palácio dos Bandeirantes.

A resposta dos hospitais. Em nota, o Hospital Samaritano informou que desconhecia o envolvimento de funcionários no desvio de medicamentos. Afirma que é "vítima" e está apurando o que ocorreu. O Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC) também se manifestou por nota, dizendo que não recebeu notificação oficial sobre o caso e soube da investigação pela imprensa.

A Secretaria de Estado da Saúde, responsável pelo Hospital Brigadeiro, afirmou que participou das investigações. A pasta disse ainda lamentar que criminosos prejudiquem o tratamento da população usuária do SUS.

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