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Lentidão será 12% menor com Rodoanel

Trecho Sul pretende tirar 40 mil caminhões de SP

Por Renato Machado e Rodrigo Brancatelli
Atualização:

Foram 17 anos de discussões, 1.020 dias de obra, 1.279 desapropriações, R$ 5 bilhões investidos e 147 mil m³ de pavimento de concreto colocados em 57 quilômetros, o equivalente a 600 edifícios de 20 andares. Tantos números só farão sentido quando responderem à pergunta: quanto o Trecho Sul do Rodoanel Mário Covas, a ser concluído no dia 27, vai melhorar o trânsito da maior metrópole brasileira?Para a Prefeitura e para o governo estadual, o Trecho Sul vai valer todo o investimento se retirar de 40 mil a 55 mil caminhões das principais vias da capital, de um total de 210 mil que circulam todos os dias. Junto com a ampliação da Marginal do Tietê, também prometida para o fim do mês, a obra deve reduzir em até 12% os índices de congestionamento. Essa melhoria será ainda mais sensível na zona sul, em bairros como Brooklin, Itaim-Bibi e Campo Belo.O Trecho Sul vai interligar as Rodovias Anchieta, Imigrantes e Régis Bittencourt, cortando sete municípios. Pretende assim aliviar em 37% o tráfego de veículos pesados na Avenida dos Bandeirantes e em 43% na Marginal do Pinheiros. "Quando se olha o mapa da Região Metropolitana de São Paulo, o que se vê é um grande nó na chegada das rodovias à capital. O Rodoanel é uma forma de desatá-lo, levando para fora da cidade um trânsito que não é dos moradores", afirma o secretário de Estado dos Transportes, Mauro Arce. Traduzindo as porcentagens para a realidade do paulistano, que gasta em média duas horas e 43 minutos para ir ao trabalho e voltar, segundo dados do Movimento Nossa São Paulo, isso pode significar valiosos minutos a menos no trânsito. Para percorrer a Marginal do Pinheiros, o motorista vai levar de 45 a 70 minutos, e não mais uma hora e 35 minutos, como atualmente no horário de pico. Em um mês, isso pode virar tempo livre para ver ao menos três jogos de futebol.Para quem usar o Rodoanel, o benefício também será nítido. O trajeto entre a região do ABC e Osasco, por exemplo, vai durar 35 minutos, uma vez que não será preciso passar pela capital - atualmente, ele é feito em uma hora e 20 minutos. Da Rodovia dos Imigrantes até a Régis Bittencourt, o tempo de viagem será de apenas 25 minutos, ante mais de uma hora e meia atual.As estimativas mais otimistas do governo apontam que São Paulo vai ganhar R$179 milhões anuais em produtividade. "A obra está praticamente pronta", diz o prefeito Gilberto Kassab (DEM). "Será extraordinário para São Paulo, principalmente por reorganizar o trânsito." Para traçar um retrato do Trecho Sul, pedaço que representa um terço dos 170 quilômetros de um traçado que futuramente circundará a Grande SP, o Estado percorreu pela primeira vez 48,5 quilômetros do trecho, em duas viagens aéreas e uma por terra, com técnicos da Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa). Muitos trechos do Rodoanel estão completamente prontos, até mesmo com sinalização no asfalto. Em alguns, no entanto, as equipes correm trabalhando em três turnos para tirar o atraso, como na parte entre as Rodovias dos Imigrantes e Anchieta, onde ainda predomina o barro. A secretaria mantém que pretende concluir tudo até o fim do mês. Após a inauguração, os motoristas vão encontrar pistas planas e com curvas leves, o que permite um ritmo constante. A maior parte do trecho é ladeada por vegetação ou pelas represas Billings e do Guarapiranga. Mas a ocupação desordenada já ameaça - principalmente em São Bernardo, tomada por favelas.

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