Jovens de classe média são presos por sequestros relâmpagos no Brooklin

Entre os detidos também está a mãe de um dos acusados, que, segundo a polícia, recebeu um Honda Fit com placas clonadas do filho

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Por Camilla Haddad
Atualização:

De dia, eram vistos como universitários estudiosos, faziam estágio em escritórios de grandes empresas e mantinham uma vida acima de qualquer suspeita. À noite, praticavam sequestros relâmpagos no Brooklin, na zona sul da capital paulista. Esse é o perfil de uma quadrilha que a polícia prendeu, acusada de praticar mais de 40 sequestros naquela região neste ano. Um dos suspeitos é funcionário de uma empresa de advocacia quase vizinha do 96.º Distrito Policial (Brooklin). Ao todo, estão detidos sete jovens, com idade entre 18 e 21 anos. Outros nove estão sendo procurados, com pedidos de prisão já decretados pela Justiça. Segundo o delegado titular do 96.º DP, Eduardo Camargo Lima, pelo menos quatro estão matriculados em universidades tradicionais da capital, em cursos como Administração de Empresas e Engenharia. Também tinham um padrão de vida de classe média. Na maioria dos casos, os pais pagavam a faculdade e alguns deles tinham até carros novos."São moradores da zona sul. Um deles, de Santo Amaro, tinha a casa toda cercada por sistema de câmeras e os pais não acreditavam que o filho poderia estar envolvido em um crime", contou o delegado. Lima explicou que a investigação ganhou força em abril, com a prisão do estudante Bruno Rodrigues Guedes de Jesus, de 19 anos, que seria o chefe do bando e é apontado como coordenador de 19 sequestros relâmpagos no bairro desde janeiro. Jesus continua preso. Foi a partir dele que investigadores chegaram até Vitor Mendes de Lima, de 20 anos, Lucas Fernandes, de 18, Michael Douglas, de 19, Raphael Guilherme dos Santos, de 21, Temístocles de Souza Oliveira, de 21, e William Santos Goes, de 21. O grupo agia após as 18h, quando saíam do trabalho. O alvo preferido eram mulheres - segundo a polícia, teriam menos chances de reagir.Assim que abordavam as vítimas, os criminosos usavam uma arma. Batiam no vidro e seguiam com a pessoa por ruas do bairro, enquanto outra parte da quadrilha, em outro carro, era responsável pelos saques e compras em shopping. Em uma das ocorrências, os criminosos gastaram R$ 7 mil em compras. Os itens escolhidos eram sempre roupas e tênis de grife. Houve casos em que a quadrilha gastou em uma hora R$ 600 em compras em um mercado da região. Na lista de produtos aparecem energéticos e uísques. "Quando não eram compras, eles usavam o dinheiro do saque para alugar casas de praia para fazer festa", comenta o delegado Lima. Depois de circular com as vítimas, a quadrilha as abandonava na Marginal do Pinheiros, próximo das Pontes do Morumbi e João Dias.Mãe presa. Entre os detidos está uma mulher identificada como Fabiana, que seria mãe de um dos rapazes procurados. Segundo a polícia, ela teria recebido um Honda Fit do filho e continuado com o carro. O veículo era um carro clonado (com placas e chassis adulterados).Com exceção de um dos acusados (veja abaixo), os advogados não foram localizados. Em 30 casos, a quadrilha já foi reconhecida pelas vítimas por fotos.

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