Jovens caminham mais de 8 km para tentar chegar ao trabalho

Usuários do Metrô enfrentaram dificuldades para se deslocar nesta quinta-feira

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Por Luiz Fernando Toledo
Atualização:

SÃO PAULO - Sob um sol intenso e de malas nas costas, as jovens Juliana Guimarães e Juliana Pereira, ambas de 23 anos, caminharam 8,5 quilômetros para tentar trabalhar.As amigas partiram da Vila Matilde, zona leste da cidade, por volta das 7h, em direção ao outro lado da capital, na Avenida Santo Amaro, zona sul de São Paulo. Os trens da linha 3-Vermelha estiveram fechados desde a estação Corinthians-Itaquera até a estação Bresser-Mooca, onde a dupla estava sentada para descansar. Elas trabalham em empresas diferentes na mesma avenida. 

Exaustas, elas fizeram duas pausas: repousaram no bairro Tatuapé, próximo à estação de mesmo nome, depois de cinco quilômetros caminhados pela Radial Leste. Lá, aproveitaram para comprar lanches antes de continuar o trajeto. "Os ônibus estão muito lentos e lotados", disse Juliana Guimarães, relatando por que não usou nenhum dos coletivos que serviram de opção a outros usuários do metrô na manhã de paralisação na capital. Dali seguiram mais 3,5 quilômetros. Andaram, no total, por três horas. 

Jovens caminham mais de 8 km para chegar ao trabalho Foto: Luiz Fernando Toledo/Estadão

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Quando chegaram à estação Bresser-Mooca, Juliana Guimarães, que é recepcionista, recebeu o aval do chefe para faltar no trabalho. Já Juliana Pereira não teve a mesma sorte. "Meu chefe quer que eu chegue às 14h". Caso não consiga, a jovem corre o risco de ter o dia descontado do salário. 

Sem. trabalho. Acordado desde as 4 horas, o prensista Marco Ribas, 55, não sabia da paralisação do metrô. "Vi ontem na televisão que o governo tinha entrado em acordo e não ia ter greve", disse. Todos os dias, Ribas parte de Guaianazes, com uma van, para fazer um trajeto de duas horas. Ele segue até Itaquera, vai de metrô até a Sé pela Linha 3-Vermelha, faz baldeação para a Linha Azul e segue até a Estação Conceição, onde diz caminhar por meia hora a pé até a empresa de reciclagem, localizada na Avenida da Água Funda. 

Acordado desde as 4 horas, o prensista Marco Ribas, 55, não sabia da paralisação do metrô Foto: Luiz Fernando Toledo

"Se não tem metrô, não deveria ter trem também. Se não vai um, não vai ninguém", reclamou. Curioso pela movimentação, o trabalhador ainda estava na Estação Itaquera por volta das 8 horas. "Hoje vou sair para tomar uma cerveja, já perdi o dia de trabalho", comenta.

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