PUBLICIDADE

Incêndio atinge unidade da Vale Fertilizantes em Cubatão

Fogo foi causado pelo vazamento de nitrato de amônio; gás produzido pela combustão do material pode ser tóxico

Foto do author José Maria Tomazela
Por José Maria Tomazela
Atualização:
A nuvem de fumaça tomou a direção da Serra do Mar Foto: MARCIO FERNANDES/ESTADAO

SOROCABA - Um incêndio atingiu uma unidade industrial da Vale Fertilizantes e liberou densa nuvem de fumaça tóxica, na tarde desta quinta-feira, 5, em Cubatão, no litoral do Estado de São Paulo. O fogo atingiu um depósito de nitrato de amônio, produto químico usado na produção de adubos e defensivos agrícolas. Testemunhas relatam terem ouvido uma explosão quando as chamas começaram.

PUBLICIDADE

A fábrica, empresas vizinhas e uma comunidade do entorno tiveram de ser evacuadas. Um cabo do Corpo de Bombeiros que fazia o combate às chamas se intoxicou e precisou ser socorrido. O fogo só foi controlado por volta das 19 horas. A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) já avalia a extensão dos danos ambientais. A empresa será autuada.

O incêndio teve início em uma correia transportadora que alimenta o armazém da unidade de nitrato de amônio do Complexo Industrial de Cubatão, unidade 2. Segundo a Vale, houve evacuação imediata da empresa e paralisação da produção da unidade, além das empresas vizinhas. O Plano de Auxílio Mútuo (PAM) de Cubatão, que envolve outras empresas, foi acionado. 

Cerca de 35 bombeiros de Cubatão, de cidades vizinhas e da Grande São Paulo foram mobilizados no combate ao fogo. A nuvem de fumaça, que era vista do centro de Santos, tomou a direção da Serra do Mar. O incêndio causou congestionamento na rodovia Cônego Domênico Rangoni, sentido São Paulo - Santos, que passa ao lado da unidade. Os acessos a Cubatão ficaram bloqueados. A Marinha fechou temporariamente o Canal do Porto de Santos.

Conforme a nota da Vale, houve necessidade de evacuar, de forma preventiva, a comunidade da Mantiqueira, onde vivem cerca de 450 pessoas, e que fica nas proximidades da fábrica. Segundo a empresa, o incêndio não atingiu outras unidades industriais. Às 18 horas, a Vale informou que a emissão de gases gerados durante a queima do nitrato já havia sido contida e a fumaça gerada, de cor laranja avermelhada e tóxica, estava se dissipando na atmosfera.

A empresa admitiu o risco para as pessoas. "Se respirada em grandes concentrações, pode causar irritação no nariz e no trato respiratório superior, além de tosse e dor de garganta", informou.

A Vale Fertilizantes informou ainda que trabalhou em conjunto com o Corpo de Bombeiros e autoridades locais e que "não medirá esforços para minimizar os efeitos deste incidente para a população. As causas do incêndio estão sendo apuradas, bem como eventuais danos ambientais".

Publicidade

O secretário adjunto de Meio Ambiente do Estado, Antonio Velloso, informou que o material resultante da queima do nitrato de amônio é tóxico e causa impacto ambiental. "Não há dúvida de que houve prejuízo ambiental, mas no momento nossa preocupação é com o controle do incêndio e o resguardo das pessoas. A segunda etapa será de levantamento dos prejuízos ao ambiente", disse.

Segundo ele, assim que a área fosse liberada pelos bombeiros, os técnicos da agência iniciariam a avaliação dos danos ambientais. "Após a inspeção, com base nos relatórios, vamos valorar os danos e a empresa será autuada", afirmou.

Histórico. A região tem um histórico de grandes incêndios. Na última segunda-feira, 2, as chamas consumiram cerca de 200 barracos na comunidade Caminho de São Sebastião, em Santos. Cerca de 300 famílias ficaram desabrigadas. Em 2015, um grande incêndio atingiu seis tanques cheios de combustível - etanol e gasolina - numa área industrial da Ultracargo, no bairro da Alemoa, em Santos. O fogo, iniciado em 2 de abril, só foi controlado oito dias depois.

A maior tragédia causada pelo fogo na região aconteceu em 1984, quando 700 mil litros de gasolina vazaram de um duto da refinaria da Petrobrás, destruindo mais de 600 barracos da Vila Socó, em Cubatão Ao menos 93 pessoas morreram e centenas ficaram feridas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.