Império de Casa Verde é campeã do carnaval 2016 de São Paulo

Escola explorou o universo dos mistérios, com um desfile de apelo mais visual; X-9 e Pérola Negra foram rebaixadas

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Por Rafael Italiani , Suzana Inhesta e Luiz Fernando Toledo
Atualização:
Integrantes da Império de Casa Verde comemoram o título Foto: DANIEL TEIXEIRA / ESTADÃO

SÃO PAULO - A escola de samba Império de Casa Verde é a campeã do carnaval 2016 de São Paulo. Com 269,4 pontos, a agremiação venceu as 14 escolas que competiam neste ano (veja as notas de cada escola). A Império explorou o universo dos mistérios, com um desfile de apelo mais visual, fantasias trabalhadas e carros luxuosos. O abre-alas, com 75 metros de comprimento e 15 metros de altura, carregava o tigre, símbolo da agremiação.

A bateria investiu em paradinhas que casavam com o samba-enredo. No trecho "bate forte coração", foram simuladas batidas do órgão. O desfile foi a estreia do carnavalesco Jorge Freitas, ex-Rosas de Ouro, na agremiação. Segundo Freitas, "o que decidiu foi o grande trabalho que estamos desenvolvendo. Tenho uma comunidade muito forte que só precisava ser incentivada", disse o carioca. Ele também disse que a crise econômica foi superada com criatividade.

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Sob calor intenso e música alta, integrantes da escola Império da Casa Verde comemoravam o título no galpão da agremiação, na zona norte da capital. O local está lotado até do lado de fora e atraiu a curiosidade de foliões e moradores da região, que se aproximam.

"É a coroação de nove meses de trabalho intenso. Todo mundo envolvido. Esse título resgata a autoestima de todos nós", disse o diretor de Harmonia da escola, o Carlinhos.

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira do Império, Marlon Lamar e Jéssica Gioz, comemorava o título e recebia cumprimentos constantes dos presentes. "É o terceiro título que ganho com a escola", disse Jéssica, que está na agremiação desde 1999. "É triunfante. Tivemos a nota máxima", contou Lamar.

O vice-campeonato ficou com a Acadêmicos do Tatuapé, seguida pela Mocidade Alegre. Já a Pérola Negra e a X-9 Paulistana caíram para o grupo de acesso, pois tiveram as menores notas (264 pontos e 263,9 pontos, respectivamente).

A Mocidade Alegre liderou até o quesito evolução. Em bateria, a Império passou à frente e não caiu mais. Em 2015, a campeã foi a Vai-Vai e a Império ficou em oitavo lugar.

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Os quesitos avaliados, pela ordem, foram mestre-sala e porta-bandeira, enredo, alegoria, samba-enredo, evolução, bateria, harmonia, comissão de frente e fantasia. O quesito fantasia era o critério de desempate, mas na apuração de hoje isso não foi necessário.

A apuração começou um pouco depois das 16 horas no hall do palácio de convenções do Anhembi, local diferente dos outros anos. Tradicionalmente, a leitura das notas era feita no Sambódromo, mas na noite de segunda a Liga Independente das Escolas de Samba dos Grupos Especial e Acesso do Carnaval de São Paulo e a SPTuris decidiram pelo Anhembi, já que as chuvas fortes de segunda danificaram a estrutura do espaço preparado para isso no sambódromo. O público não teve acesso ao local, somente os representantes das escolas, como é feito desde 2013, quando um homem, no ano anterior, invadiu o palco e rasgou as notas.

Confusão. A Império de Casa Verde levou duasnotas 10 onde a maioria das escolas foi penalizada com a perda de cinco décimos: no quesito evolução. Neste ponto das leituras, uma grande confusão se instalou no hall do Palácio de Convenções do Anhembi. Algumas escolas protestaram contra as notas baixas e os integrantes da Unidos de Vila Maria, mais enfurecidos, tentaram por diversas vezes invadir o palco de leitura.

Em um das tentativas, um diretor da agremiação, que terminou em quinto lugar, foi contido por um policial. Segundo Osvaldo Nico Gonçalves, ele mordeu o policial e foi preso por agressão e desacato. Foi nesta altura da apuração que a Império ultrapassou a maioria das escolas e chegou até a Mocidade Alegre, que liderava a apuração, mas foi prejudicada nas notas de evolução e bateria.

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A presidente da Morada do Samba, Solange Bichara, lamentou a confusão na leitura das notas. "Foi um carnaval atípico. Todo mundo errou e todo mundo acertou. Não tenho competência para falar sobre os jurados, mas a Império está de parabéns e não foi beneficiada de jeito nenhum." A escola levou notas abaixo de dez na bateria. Mas a presidente não acredita que a série de paradinhaa ao longo do desfile, nove no total, tenham prejudicado a escola.

As duas noites de desfile do carnaval em São Paulo tiveram ocorrências. Houve apagão de refletores, integrante da Vai-Vai que agrediu o cronometrista do sambódromo, modelo que foi expulsa por tirar a roupa na Unidos do Peruche e um rapaz se feriu após cair de um carro alegórico, este da X-9 Paulistana.

Carnaval em fotos

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