Administrador critica ‘onda de ataques raivosos da imprensa’, diz que mantém negociações, mas não dá prazo para retomar atividades
Por Renato Jakitas
Atualização:
SÃO PAULO - Com o caixa vazio, o parque de diversões Hopi Hari anunciou nesta sexta-feira, 12, que vai fechar as portas para o público por tempo indeterminado. Em nota divulgada nas redes sociais, o dono do parque, José Luiz Abdalla, destaca que o paralisação é temporária, “uma pausa para respirar, tomar fôlego e voltar à luta com mais força”. Ele, contudo, não menciona prazo para reabertura.
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Com dívidas de R$ 700 milhões, sem seguro, devendo salários para seus mais de 300 funcionários e desde abril com a luz cortada pela distribuidora CPFL, o parque tentava junto a investidores um empréstimo de R$ 100 mil para renovar o aluguel dos geradores, que vence amanhã, e mantinha uma parte das atrações em funcionar.
Em nota, o empresário relaciona a decisão de adiantar o fechamento a “uma onda de ataques raivosos e desproporcionais” da imprensa. Segundo ele, “as reportagens afetaram fortemente as negociações com investidores”.
Na terça-feira, o Estado publicou reportagem relatando as dificuldades financeiras e a fuga de visitantes do parque. O Hopi Hari chegou a receber 24 mil pessoas em um único dia, no segundo semestre de 2011, e no fim de semana passado recebeu 450 visitantes no total, o que rendeu uma receita total de R$ 30 mil.
Reunião. Nesta sexta, os funcionários foram surpreendidos com o pedido de uma reunião geral, convocada pela direção. Muitos entraram no auditório principal do parque por volta das 12h30 já sabendo do anúncio da paralisação.
Sem luz, sem seguro e com R$ 700 mi em dívidas, Hopi Hari está perto de fechar
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Sem luz, sem seguro e com R$ 700 mi em dívidas, Hopi Hari está perto de fechar
Desde 25 de março o Hopi Hari opera sem cobertura de seguro para acidentes com frequentadores ou eventuais danos aos equipamentos Foto: Tiago Queiroz/Estadão
Sem luz, sem seguro e com R$ 700 mi em dívidas, Hopi Hari está perto de fechar
Atolado em dívida de R$ 700 milhões, sem pagar salários a funcionários desde fevereiro, o parque de diversões Hopi Hari tenta um empréstimo para conti... Foto: Tiago Queiroz/EstadãoMais
Sem luz, sem seguro e com R$ 700 mi em dívidas, Hopi Hari está perto de fechar
O brinquedo La Tour Eiffel era uma das principais atrações do Hopi Hari Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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O Hopi Hari é alvo de uma investigação do Ministério Público, que apura relatos de que o parque, em diversos dias, conta com poucos brinquedos funcion... Foto: Tiago Queiroz/EstadãoMais
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A direção do Hopi Hari redobrou os avisos Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Somente depois de caminhar por alguns minutos encontrou um grupo de visitantes, vindos de São Paulo Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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A direção do parque estava decidida a não abrir as portas. Segundo relatos de pessoas ligadas à gestão, o dono do parque chegou a retirar o site do Ho... Foto: Tiago Queiroz/EstadãoMais
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'O Abdalla não pode abrir, mas também sabe que, se fechar, corre o risco de não abrir mais', diz uma pessoa que pediu para não ser identificada Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Parque Hopi Hari teve registro suspenso pela CVM Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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A operação de compra do Hopi Hari deixou representantes do mercado com o queixo caído Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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O parque de diversões foi inaugurado em 27 de novembro de 1999 Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Das 60 atrações, apenas 12 estavam disponíveis no fim de semana Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Em abril, o parque teve o fornecimento de energia cancelado por causa de uma conta de R$ 580 mil em aberto com a CPFL Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Com tantos problemas, o público sumiu e o parque – que chegou a receber 24 mil pessoas em um único dia, no segundo semestre de 2011 – tinha 160 visita... Foto: Tiago Queiroz/EstadãoMais
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Na semana passada, direção chegou a tirar site do ar para evitar venda de ingressos e planejou interromper funcionamento. 'Sei do risco que é operar s... Foto: Tiago Queiroz/EstadãoMais
Sem luz, sem seguro e com dívidas, Hopi Hari ficou fechado por três meses
Os novos passaportes para o parque em Vinhedocustam R$ 150 Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Ao entrar no parque, a reportagem doEstadose deparou à primeira vista com uma cidade fantasma do velho oeste americano Foto: Tiago Queiroz/Estadão
Sem luz, sem seguro e com R$ 700 mi em dívidas, Hopi Hari está perto de fechar
'Eu não sei como esse Abdalla consegue dormir a noite', diz um operador do mercado. 'É dívida para a vida inteira e para muitas outras gerações.' Foto: Tiago Queiroz/Estadão
Sem luz, sem seguro e com R$ 700 mi em dívidas, Hopi Hari está perto de fechar
O Hopi Hari está localizado no km 72 da Rodovia dos Bandeirantes, em Vinhedo, no interior de São Paulo, a cerca de 30 quilômetros de Campinas e 72 da ... Foto: Tiago Queiroz/EstadãoMais
Sem luz, sem seguro e com R$ 700 mi em dívidas, Hopi Hari está perto de fechar
Atração musical foi vista por público pequeno Foto: Tiago Queiroz/Estadão
A notícia foi recebida com desdém por parte dos colaboradores, que não recebe salário desde 5 de fevereiro. Poucos acreditam no retorno da operação sob a atual gestão. José Luiz Abdalla tornou-se controlador do Hopi Hari em dezembro do ano passado e, em janeiro, assumiu o compromisso de arcar com os custos operacionais do parque, que chegam a R$ 1,5 milhão por mês. Ele pagou os salários relativos a janeiro contando com a injeção de recursos de um parceiro que nunca foi apresentado.
“Tenho duas negociações em andamento. Precisamos de R$ 5 milhões para tocar o parque até o fim do ano”, afirmou José Luiz Abdalla no final de abril. “Sem dinheiro, vou precisar fechar o parque e demitir os funcionários”, disse.
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Justiça. Além dos funcionários e dos credores, Abdalla também vinha enfrentando pressões da Justiça para apresentar um plano considerado consistente de recuperação judicial. A primeira versão do documento, protocolado no primeiro trimestre, não foi bem recebido pelo administrador designado pelo juiz Fábio Marcelo Holanda, da 1.ª Vara Cível da Comarca de Vinhedo, para acompanhar o processo. “É um plano que não para de pé. Os laudos são antigos. Nem mesmo o balanço financeiro da empresa é atual”, confidenciou uma fonte.
Sem contar com um advogado especializado para encaminhar o processo (Julio Mandel retirou-se por falta de pagamento), o juiz Fábio Holanda intimou o parque do interior paulista a convocar uma assembleia de credores para acontecer até o fim deste mês. Se for de interesse da maioria, pode ser solicitada a falência do empreendimento, uma alternativa defendida pelo representante do Ministério Público em Vinhedo. “A falência, porém, vai depender do que quer o BNDES, que tem R$ 250 milhões investidos no parque. O banco vai ser o fiel da balança, mas ele não deve participar dessa primeira assembleia”, diz outra fonte.