Homens de saiote vão invadir a Paulista

Durante uma hora, a partir do meio-dia, eles prometem ir do vão livre do Masp até a Consolação; no sábado, tocam na Oscar Freire

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Por Edison Veiga
Atualização:

No apartamento do analista de sistemas José Alayr Pereira Júnior, de 40 anos, não faltam alusões à Escócia. O país está nas paisagens dos quadros, nos filmes em DVD e até nos enfeites - bonequinhos de chumbo gaiteiros. Além, é claro, dos saiotes (os kilts) do guarda-roupa. "Sinto-me completamente escocês", afirma ele, paulistaníssimo que vive no Jabaquara.Alayr é um dos integrantes da banda St. Andrew Society of the State of São Paulo Pipes & Drums, ou SASPD. Hoje, ao meio-dia, o grupo de 14 pessoas se apresenta ao longo da Avenida Paulista - durante uma hora, em pontos entre o vão do Masp e o Cine Belas Artes, na Rua da Consolação. No sábado, um repeteco na Rua Oscar Freire. É o começo do Whisky Festival - ou Festival do Uísque -, evento que deve deixar, por um mês e meio, a cidade um pouco escocesa como Alayr.Antes dos saiotes. "Eu não tinha nenhuma ligação com a Escócia", relata o músico. "Mas sempre encarei a percussão como hobby, que levava a sério." Baterista desde os 18 anos, foi movido pela curiosidade que Alayr decidiu assistir, em 2003, a um show de música típica escocesa, no Sesc Pompeia. "Apaixonei-me", confessa. Logo, entrou para a banda - a Scottish Link Pipe Band, dissolvida anos mais tarde. Em 2009, parte do grupo fundou a SASPD, com o apadrinhamento da St. Andrew Society of the State of São Paulo, organização criada em 1924 para disseminar a cultura escocesa por aqui. "Fazemos pelo menos uma apresentação por mês", conta Alayr, que já tocou em Argentina, Uruguai, Chile e - suprema glória! - Escócia. "Eles (os escoceses) ficaram muito orgulhosos ao saber que há brasileiros que tocam suas músicas típicas", lembra. Dentre as duas mulheres que fazem parte do grupo está a secretária Elaine Riguengo, de 37 anos. "Aprendi percussão e entrei para o grupo no ano passado", conta. "E não é só musicalmente que a Escócia está presente na vida de Alayr. Um dos seus pratos favoritos é o haggis - preparado com estômago, coração, fígado e pulmões de ovelha. "Brinca-se, grosseiramente, que é uma comida feita com os melhores temperos da Escócia e as piores parte de uma ovelha", comenta. "Infelizmente, aqui em São Paulo não se encontra, a não ser em um evento anual da St. Andrew Society."O uso do kilt - o saiote típico escocês - em eventos também teve de ser "aprendido". "Demorei para conseguir vesti-lo com naturalidade, sem sentir vergonha", admite. "No começo, é complicado entrar no carro, se agachar... Passei por muitos apuros." E, orgulhoso, completa: "É um uniforme muito bonito."Curso. Outra mudança: o uísque foi incorporado de vez à rotina de Alayr. "Antes, gostava só de cerveja", compara. "Agora não vivo sem uísque." Para ficar craque no assunto, em uma das vezes em que esteve na Escócia fez até curso de degustação da bebida.Para entenderBarril define sabor do uísqueO uísque é uma bebida destilada de grãos - geralmente incluindo o malte -, envelhecida em barris. Tem graduação alcoólica entre 38% e 54%. Acredita-se que 60% do sabor do uísque seja proveniente do tipo de barril usado em seu envelhecimento. O Bourbon, por exemplo, precisa envelhecer em barris de carvalho flambados. Em geral, os uísques são divididos entre os de tipo escocês e os de tipo americano.

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