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Grupo reúne de punks a defensoras do aborto

Em rua de artigos religiosos no centro, manifestantes mostram os seios para pastores e fiéis de igrejas evangélicas

Por Bruno Paes Manso
Atualização:

O Movimento Passe Livre (MPL) começou a manifestação às 17 horas com flores, batuque de tambores, faixas de protesto, bandeiras do arco-íris e de partidos de esquerda, como PSOL, PSTU, PCO e juventude do PT. Ao som da fanfarra do Movimento Autônomo Libertário (MAL), um dos líderes Marcelo Hotimsky, de 19 anos, discutia o ato que queria "causar". "Com a Prefeitura a discussão vai ser pauta única: redução para R$ 3 ou menos."

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Havia punks, anarquistas, socialistas, feministas, gays, universitários, secundaristas. Carros de som são vetados e todos preferiam músicas para animar. Por volta das 17h40, a passeata - que tinha por ideia inicial fechar a Avenida Paulista - seguiu para a Rua da Consolação. Com tanta gente, não havia como voltar. Houve episódios de tensão, pichações ao longo do caminho e gritos: "R$ 3,20 é roubo", "viva o aborto livre" e "PMs bandidos".

As lideranças admitiam o descontrole. "A ideia inicial era passar na frente da Câmara Municipal, mas a multidão seguiu outra direção, o Parque Dom Pedro, que também estava nos planos." Ali, no centro, o conflito começou às 20h, quando o grupo tentou invadir o terminal de ônibus. Foi quando uma mulher grávida, com barriga aparente de 7 meses, entrou na frente da PM para evitar disparos. Bombas foram lançadas, ela desmaiou e a reportagem não a viu mais.

Dispersão. O grupo foi se dispersando e o comportamento variado dos integrantes revelava incoerências. Uma parte subia a Avenida Brigadeiro Luís Antônio e outra partia pelas ruas do Glicério. Vândalos quebravam vidraças de bancos, fechavam ruas e espalhavam lixo. Atrás, vinham os 'deixa-disso', que recolhiam a sujeira.

A turma do Glicério subiu pela Rua Conde de Sarzedas, onde há comércio de itens religiosos e igrejas neopentecostais. Pastores e fiéis que observavam o grupo foram hostilizados. Cinco mulheres levantaram suas blusas, mostraram os seios e chamaram os religiosos de machistas.

Às 21h30, os manifestantes se encontraram, na frente do vão livre do Masp. Pequenos grupos seguiam o quebra-quebra geral. "Todo protesto é válido, mas desta vez passaram dos limites e acabaram perdendo a razão e a simpatia de quem poderia estar ao lado deles", disse Jaime Rabelo, bancário aposentado de 62 anos, que mora no Edifício Pauliceia, de frente para o palco do conflito.

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