Grupo ocupa área ao lado da Fan Fest de SP

Eles reivindicam espaço para desenvolver atividades artísticas, esportivas e culturais; grupo tem 50 pessoas

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Por Bruno Ribeiro
Atualização:

SÃO PAULO - Cerca de 50 pessoas estão dormindo, cozinhando e se banhando bem ao lado da entrada da Fan Fest no Vale do Anhangabaú, centro da capital. Elas estão instaladas em barracas de camping e em lonas amarradas pelas estátuas que compõem o Monumento a Carlos Gomes, nas escadarias que ligam o vale à Praça Ramos de Azevedo.

Os ocupantes são artistas e educadores que trabalham com moradores de rua. Decidiram ocupar o lugar depois de serem despejados da Escola Municipal de Bailado, prédio embaixo do Viaduto do Chá que também havia sido ocupado pelo grupo há cerca de dois meses. Antes de invadir a escola, eles organizavam eventos culturais - sem autorização nem apoio do poder público - em alguns pontos do centro velho.

Os ocupantes dizem que não deixarão a área ao lado da Fan Fest enquanto a Prefeitura não liberar um espaço para eles Foto: Erica Dezonne/Estadão

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O lugar funciona como moradia e como um protesto. Os ocupantes dizem que não deixarão a área ao lado da Fan Fest - agora repleto de restos de lonas, panos, móveis e pedaços de madeira - enquanto a Prefeitura não liberar um espaço para eles voltarem a desenvolver suas atividades. “Mas tem ser só a cessão do lugar. A gestão terá de ser nossa”, diz o educador Carlinhos Almeida, de 46 anos, um dos moradores. 

Os artistas dizem que, no espaço, fazem oficinas de desenho, dança do ventre, street dance, cultura africana e de lutas muay thai. 

Sábado passado, dia que a Fan Fest ficou lotada, o acesso à área do acampamento foi isolada por policiais militares. Mas o público tinha de passar ao lado da ocupação para chegar às entradas da festa, onde ocorrem as revistas policiais.

A assistente social Juliana Carvalho dos Santos, de 31 anos, que trabalha na ocupação, diz que o mais novo ali tem 16 anos. É filho de uma mulher que faz parte da ocupação. O mais velho, Orlando Resende, de 67 anos, é artesão. “Ensinava artesanato no Bailado, agora vim para cá e vou ficar com eles”, conta. É o “faxina”, que cuida da limpeza do acampamento.

Quem está negociando com os manifestantes é a Secretaria Municipal de Cultura. O órgão diz que não há possibilidade de ceder espaços para eles. “O único acordo da SMC com os invasores é o de receber sua proposta de atividades culturais - e não de gestão ou ocupação de qualquer outro espaço público - para análise sobre eventual incorporação na agenda dos equipamento”, diz nota do órgão. A Prefeitura não disse como vai solucionar o caso. 

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