Gráfica ligada a mulher de vereador recebe da Prefeitura

Órgãos públicos pagaram R$ 270 mil a empresa que funciona no mesmo endereço de firma da mulher de Antonio Goulart

PUBLICIDADE

Por , Diego Zanchetta e Rodrigo Burgarelli
Atualização:

A Companygraf, empresa que tem como sócia a mulher do vereador Antonio Goulart (PMDB), abriga em sua sede uma outra gráfica, que já recebeu pelo menos R$ 270.485,72 em contratos com a Prefeitura de São Paulo, empresas municipais e o Tribunal de Contas do Município (TCM). A gráfica em questão está registrada como Studio Companygraf. Seu endereço - Rua Maria Aparecida Anacleto, 471, na Capela do Socorro - fica, em tese, a 10 metros de onde funciona a gráfica da mulher do vice-presidente da Câmara Municipal, Kazuko Hayashi Goulart. O Estado revelou ontem que o vereador usou R$ 37 mil de sua verba de gabinete - cota mensal da Câmara destinada ao custeio de despesas do mandato - para pagar por serviços prestados pela gráfica de sua mulher. Uma resolução da Câmara proíbe que cônjuges de parlamentares firmem contratos, direta ou indiretamente, com o poder público.No papel, Companygraf e Studio Companygraf são empresas distintas. Mas, na prática, não foi o que a reportagem constatou. Sem se identificar, o Estado telefonou para o número da Companygraf e perguntou se seria possível falar com a Studio Companygraf. "Pode falar aqui mesmo. São as mesmas pessoas", foi a resposta da secretária.Vitor Cavalcanti de Arruda, o outro sócio da Companygraf, disse que a Studio Companygraf está registrada no nome de sua mulher. "É uma empresa aberta para participar de licitações."A empresa foi contratada por vários órgãos municipais. Os maiores valores foram pagos pela SPTuris (R$ 160,5 mil) e pela Ouvidoria do Município (R$ 30 mil). Das subprefeituras, a única que firmou contratos com a gráfica foi a de Capela do Socorro (R$ 29,4 mil), na região em que Goulart tem seu reduto eleitoral.Outro órgão que contratou a Studio Companygraf foi o TCM, que auxilia a Câmara a fiscalizar o Executivo. A corte aparece no site da Companygraf como um dos "principais clientes". Há no Diário Oficial da Cidade pelo menos R$ 8.601,20 em contratos firmados pelo TCM para a impressão de cartões de visita, envelopes e convites. A gráfica também imprimiu um boletim do TCM em 2007, época em que o órgão era presidido pelo conselheiro Antônio Carlos Caruso, padrinho político de Goulart.A SPTuris e a Ouvidoria disseram que "não houve favorecimento ou ilegalidade nas contratações". O TCM confirmou que a gráfica prestou "serviços esporádicos". E anotou que "não é usual consultar a composição acionária de empresas que prestam pequenos serviços, que independem de licitação".

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.