Governo usará ‘água adicional’ do Alto Tietê

Após negar existência de volume morto, secretário anuncia que avalia usar 40 bilhões de litros extras no sistema

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Por Fabio Leite
Atualização:

SÃO PAULO - Após negar a existência de volume morto no Sistema Alto Tietê, a Secretaria Estadual de Saneamento e Recursos Hídricos informou nesta terça-feira, 9, que avalia usar uma “reserva adicional” de 40 bilhões de litros da Represa Ponte Nova, em Salesópolis, principal reservatório do segundo maior manancial que abastece a Grande São Paulo.

Segundo a pasta, o volume representa “um acréscimo de 7,5%” na capacidade do Alto Tietê, que caiu nesta terça para 4,6%, índice mais baixo desde a construção do sistema, na década de 1990. Desde o início do ano, o manancial tem operado com sua produção máxima, de 15 mil litros por segundo, para socorrer bairros da capital paulista que eram atendidos pelo Sistema Cantareira.

Sabesp começa a usar volume morto de 39,4 bilhões de litos do Alto Tietê Foto: Daniel Teixeira/Estadão

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Em setembro, durante um evento na capital paulista, o secretário Mauro Arce havia dito que não havia volume morto no Alto Tietê e a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) havia apenas “alargado” uma passagem de água entre as Represas Biritiba-Mirim e Jundiaí para poder aproveitar toda a água do volume útil. Segundo a empresa, seriam 25 bilhões de litros.

Em outubro, o Estado noticiou que, sem volume morto e com o baixo índice de chuvas, o Alto Tietê corria o risco de entrar em colapso antes do Cantareira. À época, o manancial estava com 8,5% da capacidade. Questionada sobre a contradição, a assessoria de Arce informou que os 40 bilhões de litros adicionais não são considerados volume morto porque não precisam de bombeamento. 

Cantareira. No maior manancial paulista, a Sabesp já retirou 211 bilhões de litros represados abaixo do nível das comportas usando bombas flutuantes. A prática é adotada no Cantareira desde o fim de maio. Restam hoje cerca de 75 bilhões de litros da segunda reserva profunda, que podem se esgotar antes de março, caso a quantidade de água que chega aos reservatórios continue abaixo das mínimas históricas.

Com apenas 1,5% de toda a chuva esperada para o mês de dezembro, o Sistema Cantareira, responsável por abastecer 6,5 milhões de pessoas na Grande São Paulo, registrou nova queda e chegou a 7,7% da capacidade nesta terça-feira, 9. A queda foi de 0,1 ponto porcentual em relação ao dia anterior. 

Desde o início do mês, foram registrados 3,3 milímetros de chuva no sistema - a média histórica do mês, de acordo com a companhia, é de 220,9 mm. É o 25.º dia consecutivo de perda no manancial desde que ficou estável em 10,8%, entre os dias 13 e 14 de novembro.

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Os outros reservatórios também tiveram queda de nível. No Guarapiranga, que atende 4,9 milhões de pessoas, a capacidade passou de 31,8% para 31,6%. O Sistema Rio Grande caiu de 62,2% para 62,1%. No Alto Cotia, a queda foi de 29,5% para 29,4%. No Sistema Rio Claro, a redução da capacidade foi de 28,8% para 28,3%. / COLABOROU RAFAEL ITALIANI

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