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Governo federal cede e sem-teto anunciam fim de protesto contra Copa

Serão construídas 2 mil moradias na ocupação Copa do Povo e programa Minha Casa Minha Vida será modificado. Pressão agora é para aprovar Plano Diretor

Por Diego Zanchetta
Atualização:

Atualizada às 20h56

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SÃO PAULO - A dois dias da Copa do Mundo, o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Guilherme Boulos, anunciou nesta segunda-feira, 9, um acordo com o governo federal e o fim das manifestações contra o Mundial em São Paulo. “Encerramos nossa jornada com a vitória da mobilização das ruas e com nossa pauta completamente atendida”, resumiu o líder da entidade que protagonizou as maiores manifestações na cidade ao longo dos últimos três meses.

Para arrefecer os ânimos dos movimentos de moradia, o governo federal promete mudar o Programa Minha Casa Minha Vida e financiar a construção de 2 mil moradias no terreno onde está a Ocupação Copa do Povo, em Itaquera, zona leste. As informações foram divulgadas pelo jornal Folha de S. Paulo.

As entidades também vão poder construir de forma simultânea 4 mil apartamentos do programa do governo federal - hoje esse limite é de mil unidades. A Secretaria-Geral da Presidência confirmou as mudanças e o acordo com o MTST.

Após iniciar uma entrevista na qual dizia que haveria protestos hoje e no dia da abertura da Copa, quinta-feira, Boulos recebeu um telefonema de Brasília. Era um interlocutor do ministro da Casa Civil, Gilberto Carvalho. Depois de sete minutos de conversa ao celular, Boulos chamou novamente os repórteres, dizendo que precisava mudar seu anúncio. O governo federal havia acabado de acatar as reivindicações do MTST e marcou audiência no dia 16 para assinar o acordo.

“As moradias serão erguidas no terreno da Copa do Povo pela própria Construtora Viver, que é a dona da área. Portanto, não haverá necessidade de a Prefeitura gastar dinheiro com desapropriação. Agora, só falta a Câmara Municipal aprovar o Plano Diretor e mudar o zoneamento da área do terreno, para transformar a área em Zeis (Zona Especial de Interesse Social)”, afirmou Boulos.

O MTST afirmou que não vai mais marcar atos em favor da greve dos metroviários ou de qualquer outro movimento. O foco será a aprovação do Plano Diretor em segunda votação. “Não podemos mais deixar que interesses do mercado imobiliário ditem o trabalho na Câmara. O Plano Diretor não é um plano só para legalizar a Ocupação Copa do Povo, é uma proposta de interesse para toda a cidade”, discursou Boulos.

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Plano Diretor. A gestão Fernando Haddad (PT) também pressiona os vereadores. Na noite desta segunda, o prefeito se reuniu com os líderes de bancada e pediu pressa na votação. Mas a estratégia não tem o apoio de todos os vereadores. Representantes de PSDB, PSD, PMDB, DEM e PV consideram que o tema ainda carece de debate. 

“As emendas do governo chegaram hoje (segunda-feira). Juridicamente é inviável votar antes da quinta da outra semana”, afirmou Milton Leite (DEM). Andrea Matarazzo (PSDB) diz que sua bancada vai cumprir o protocolo para obstruir a aprovação do plano nesta semana.

Logo após reunião com Haddad, por volta das 20h, o líder do governo, Arselino Tatto (PT), explicou que a intenção hoje é fazer a consolidação do texto integral, já com as emendas. Em seguida, ele será repassado às bancadas. Só depois é que o governo espera iniciar as discussões e programar a votação. / COLABOROU ADRIANA FERRAZ

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