Dois são detidos pela GCM após pichação na Avenida 23 de Maio

O local, onde ficava o mural do grafiteiro Kobra que foi coberto por tinta cinza dias atrás, havia passado por limpeza da Prefeitura de São Paulo horas antes

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Por Juliana Diógenes
Atualização:
Equipe da Prefeitura apaga pichações de manifestacão contra a destruição do mural do Kobra Foto: Gabriela Biló/Estadão

Duas pessoas foram detidas pela Guarda Civil Metropolitana (GCM) após denúncia de pichação na Avenida 23 de Maio, na zona sul da capital paulista, na madrugada desta sexta-feira, 27. Os dois foram conduzidos pelos agentes ao 27º Distrito Policial (Campo Belo). Uma das pichações era de protesto e dizia "Resistir!". O local, onde ficava o mural do grafiteiro Kobra e foi coberto por tinta cinza dias atrás, havia passado por limpeza da Prefeitura de São Paulo horas antes.

Em nota, a Prefeitura informou que os trabalhos de limpeza da Avenida 23 de Maio ainda estão em andamento. "As obras em bom estado foram preservadas, e os murais pichados ou deteriorados estão sendo pintados. Um projeto será desenvolvido no local", disse a gestão. "A Prefeitura de São Paulo vai preservar e ampliar os pontos de grafites na cidade de São Paulo. A meta é valorizar essa modalidade de arte urbana com a criação de cursos e oficinas para estimular que pichadores adotem o grafite e passem a atuar em locais permitidos."

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O mural de Kobra amanheceu pichado no dia do aniversário de São Paulo. O artista é frequentemente citado pelo prefeito João Doria (PSDB) como um de seus grafiteiros favoritos. Além da tinta, havia um boneco com rosto de Doria, como se passasse a tinta.

O prefeito vem apagando grafites e pichações na 23 de Maio. Os grafites pintados em 2014 foram cobertos com tinta cinza. A Secretaria Municipal de Cultura, chefiado por André Sturm, ficou de selecionar apenas oito grafites para continuarem na via, e o de Kobra seria um deles. Até então, pichadores tinham por hábito não escrever nem danificar os grafites da cidade.

Sob pressão após anunciar "guerra" contra pichadores, Doria anunciou nesta quinta o Museu de Arte de Rua. O programa para grafiteiros vai começar na região do Baixo Augusta, no centro da capital. De três em três meses, a administração municipal vai escolher um espaço na cidade em que será permitido grafitar. 

'Formação de quadrilha'. Conforme o Estado informou, a Secretaria Estadual da Segurança Pública destacou o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), grupo da Polícia Civil especializado nas investigações contra o crime organizado, para identificar pichadores de rua que atuam na capital paulista. O crime, que é na verdade um delito ambiental, virou alvo de uma “cruzada” capitaneada pelo prefeito.

Há duas semanas, grupos de pichadores vêm sendo identificados pelas redes sociais. Os policiais têm mapeado locais em que eles se reúnem durante as noites na cidade e planejam, em breve, segundo Doria, uma ação para executar prisões coletivas de suspeitos. “A Polícia Civil está fazendo investigações e já identificou onde se reúnem, quem são, já fotografou e, muito em breve, essa ação vai se materializar”, disse.

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O ato de pichar prevê detenção de três meses a um ano, além de pagamento de multa. Uma lei de 2012 estabelece pena mais dura, seis meses a um ano, caso a pichação seja contra monumentos ou bens públicos.

Uma das ideias para aumentar a punição aos pichadores é tentar enquadrar grupos da adeptos da prática no crime de formação de organização criminosa, em que a punição pode chegar a até oito anos de prisão. 

Isso aconteceu em Belo Horizonte. Ações coordenadas das polícias e do Ministério Público resultaram no indiciamento de 15 pessoas em 2015 por formação de quadrilha. A Polícia Civil identificou ligação entre grupos de pichação e traficantes de droga. A Justiça autorizou até a instalação de tornozeleira eletrônica em alguns acusados.

Multa. Doria também defende uma lei que torne mais pesada a legislação contra pichação na cidade, aplicando multa aos autores. De acordo com o tucano, os pichadores que não aceitarem se tornar artistas, muralistas ou grafiteiros serão penalizados “com a lei pública e a legislação que a Câmara Municipal de São Paulo vai colocar muito em breve, ampliando as multas para aqueles que estragarem e prejudicarem a cidade”, disse. “Ninguém gosta da pichação.”