Frejat e Skank: hora de jogar pra galera

Sem se arriscar, cantor e banda mineira vieram com seus arsenais de clássicos e não deu outra: a Cidade do Rock ferveu

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Por Roberto Nascimento e RIO
Atualização:

A presença de Frejat fez falta no tributo ao Legião Urbana. Seu vozeirão clássico, remanescente de uma era em que tenores másculos, escolados no soul, formavam o status quo do rock nacional e internacional, faria muito mais justiça às canções de Renato Russo, outro expoente desta leva, do que a maioria dos convidados da homenagem. Mesmo assim, o cantor não ficou sem deixar as suas digitais no maior festival de rock do País e fez um dos melhores shows da popularesca e acomodada programação que predominou pelo festival. Mesmo assim, para quem não cansou de Barão Vermelho, ou para quem ainda é nostálgico pelos "anos dourados" do rock brasileiro, Frejat segura uma apresentação de 60 minutos com competência, cantando em boa forma e fazendo bons solos de guitarra. Só deixa a desejar no quesito atualidade, o que pode ser dito de quase todos os chamarizes veteranos presentes no festival, de Lenny Kravitz e Jamiroquai a Capital Inicial e Maná.Tirando isto da equação, Frejat não ficou devendo no parque de diversões do rock. Os hits são incontestáveis: de Exagerado a Bete Balanço, passando por um cover de Réu Confesso, de Tim Maia, Frejat empolgou com músicas que ofuscam até sua falta de jeito para interagir com o público. "A gente vai chegando no final do show", anunciou Frejat em determinado momento, dando um ar burocrático à sua função de ídolo, como se fosse um funcionário. Em seguida, atacou com Por Você, depois Bete Balanço e Puro Êxtase e ferveu a Cidade do Rock novamente. O sucesso a prova de balas de Frejat e Cazuza tem a mesma impermeabilidade do Skank que, embora não tenha canções do calibre das do Barão, já sobe ao palco com o jogo ganho. Na noite de sábado, o bando de Samuel Rosa foi até mais eficaz em agitar a galera, pois os sucessos são mais jovens e fizeram parte da trilha sonora adolescente de grande parte do público. Ao contrário de Frejat, Samuel leva mais jeito com a plateia. Faltaram-lhe palavras quando tentou descrever a sensação de tocar para cem mil pessoas; sacou uma câmera em determinado momento e gravou o coro da multidão. Para muitos que vieram ao festival, desde que o mundo é mundo, o Skank domina as paradas. Em todos estes anos, a ética pop de Samuel Rosa pouco mudou e a palavra de ordem ainda é pop rock beatlemaníaco, simples em sua instrumentação, eficaz nas melodias. O que muitas das bandas fixadas no iê iê iê parecem ignorar é que o gênero foi apenas uma das fases de uma banda que buscou constante renovação estética ao longo de sua vida. E enquanto o rock nacional está carente de uma cara própria, nomes populares e talentosos como o Skank estacionaram suas carreiras em um fetiche sessentista, ignorando o fato de que poderiam fazer mais pela música do País com o nível de respaldo popular que atingiram.

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