Atualizada às 16h36
SÃO PAULO - Um dos ladrões que roubaram R$ 164,7 milhões do Banco Central, em Fortaleza, o maior assalto da história do País, foi preso na noite desta quarta-feira, 10, na região do Morumbi, zona sul de São Paulo. Antônio Reginaldo de Araújo, preso em 2011, estava foragido desde agosto do ano passado, quando saiu no Dia do Pais e não retornou.
Araújo foi detido em uma abordagem de rotina por policiais militares das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) na Rua São Pedro Fourier, na esquina com a Avenida Giovanni Gronchi. O bandido estava acompanhado de Marília Andrade de Jesus César, que dirigia uma SUV Hyundai Tucson e também foi indiciada.
"A equipe estranhou o nervosismo do homem ao ver a viatura", afirmou o tenente Renato Leão Alves de Souza. Ele apresentou documentos falsos - um CPF em nome de Antônio Marcos da Silva Brito e um título de eleitor - e confessou ter participado do assalto ao banco, ocorrido em 2005. No veículo, a PM apreendeu 7,2 kg de pasta base de cocaína, quantidade suficiente para produção de 35 kg da droga, e quatro celulares.
De acordo com a Polícia Civil, o criminoso é suspeito de ter se transformado em chefe do tráfico de drogas em Paraisópolis, na zona sul da capital.
Os policiais foram até a residência de Araújo, em Taboão da Serra, na Grande São Paulo, onde havia dois cadernos, dois rádios walkie-talkie, oito celulares e uma carta com anotações que indicavam envolvimento com o tráfico, além de comprovantes de depósito bancário no valor total de R$ 59 mil.
O detido foi levado ao 89º Distrito Policial (Jardim Taboão), na zona sul, e encaminhado durante a madrugada ao 91º DP (Ceagesp), na zona oeste, onde foi detido.
À Polícia Civil, Araújo afirmou que não portava nada de ilícito no veículo e acusou os policiais da Rota de terem colocado as drogas no carro. Ele disse que os policiais sabiam sua real identidade e que prometeram liberá-lo em troca de R$ 100 mil de suborno, dois fuzis ou o nome de alguns traficantes.
O tenente da Rota, Renato Leão Alves de Souza, disse que "falsas alegações" são práticas comuns em depoimentos de bandidos, na tentativa de se livrar do flagrante ou prejudicar a equipe. "Nenhuma autoridade solicitou à Rota um esclarecimento (sobre as acusações). Mas tão logo chegue, com certeza vai ser verificado, como outras também foram", afirmou.
Para Leão, a atuação da Rota foi "brilhante". O tenente disse ainda que os policiais da Rota não são autorizados a coagir criminosos para obter nomes de traficantes.
Na manhã desta quarta-feira, Araújo foi a uma audiência de custódia no Fórum Criminal da Barra Funda, também na zona oeste. Após audiência de conciliação, a Justiça decretou a prisão preventiva do criminoso, mas não confirmou para onde foi encaminhado. Ele era procurado pela Justiça por ter fugido da Penitenciária Lavínia II, no interior de São Paulo.
O carro foi apreendido, e os dois foram presos em flagrante. A dupla foi indiciada por tráfico de drogas e associação para o tráfico. Antônio responderá ainda pelo uso de documentos falsos.
Foragido. Esta foi a segunda vez que a Rota recapturou Araújo. Em fevereiro de 2011, o bandido fugiu do Instituto Penal Professor Olavo Oliveira (IPPOO II), em Itaitinga, no Ceará, e resgatado em agosto daquele ano, também na zona sul da capital paulista. Ele apresentou documentos falsos, mas acabou confessando. Ao ser recapturado em 2011, o bandido afirmou que, dos R$ 164,7 milhões levados pela quadrilha, ficou com R$ 5 milhões, que já teriam sido gastos.
Na ocasião, Araújo estava no grupo de 10 presos que fugiram no dia 5 de fevereiro em Itaitinga, quando escaparam mais dois assaltantes envolvidos no roubo ao Banco Central. Eram 13h45, quando vários homens, em duas picapes, chegaram à unidade prisional. Um deles se passou por visitante e rendeu dois agentes. Os outros membros do grupo entraram armados e resgataram os presos. Os dois carros utilizados na fuga foram abandonados e encontrados pela polícia na região metropolitana de Fortaleza. Numa das picapes, foram encontradas munição para fuzil calibre 556 e uma pistola calibre 9 mm.
História. No assalto ao BC, o maior da história do país, o bando, formado por 36 criminosos, alugou um imóvel próximo ao prédio. A partir dali, os bandido cavaram um túnel com 89 metros de extensão, que dava acesso ao cofre do banco, de onde levaram R$ 164,7 milhões. Três quadrilhas participaram da ação, duas de São Paulo e uma do Ceará. Durante as investigações, os policiais chegaram a outro roubo a banco, no Rio Grande do Sul, quando 28 pessoas foram presas, algumas delas dentro do túnel cavado para a invasão.