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Fila para quem quer largar cigarro é de três meses

Lei Antifumo determina que toda a rede de saúde paulista ofereça vagas a fumantes, mas, um ano depois, elas continuam insuficientes

Por Bruno Ribeiro e Jornal da Tarde
Atualização:

Um ano depois de a Lei Antifumo entrar em vigor, completado amanhã, a fila de espera para tratamento contra o tabagismo nos serviços públicos de saúde é de três meses, em média, e ele não está disponível em toda a rede estadual. A obrigação de tratar e medicar fumantes é uma exigência da própria legislação, imposta por uma emenda da Assembleia Legislativa ao texto criado pelo governo. Na capital, a maior parte dos serviços em que o tratamento está disponível é da Prefeitura. Segundo a coordenadora do Programa de Atenção ao Tabagismo da administração municipal, Darlene Dias da Silva Pinto, a rede municipal mantém 36 centros de tratamento. Antes da lei, cerca de 800 pacientes eram atendidos por ano nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) da Prefeitura. O balanço do primeiro ano após a nova lei não está fechado, mas deve ficar em torno de 1.500 atendimentos - aumento de 87%.A coordenadora afirma que o tratamento não é custoso - apenas 10% dos pacientes precisam de medicamentos. "Evitamos medicamentos porque eles também têm nicotina", afirma. Consiste, normalmente, em consultas com psicólogos. A rede estadual, por sua vez, tem mais de 25 endereços em São Paulo, entre hospitais e ambulatórios, mas oferece o tratamento em sete desses locais, contando serviços como o Hospital das Clínicas e o Hospital Universitário da USP. A exceção fica por conta do Centro de Referência de Tabaco, Álcool e Outras Drogas (Cratod), serviço estadual que existe desde 2002. Atende pacientes e dá remédios para quem precisa. No serviço, que fica na Praça da Luz, na região central de São Paulo, a reportagem solicitou o tratamento. O atendente, no entanto, disse que o Cratod estadual só pode ser usado por quem mora na região. "Você tem de procurar o posto perto da sua casa." O deputado João Caramez (PSDB), autor do artigo que prevê o tratamento, afirma que propôs a emenda porque a lei diminuiria os lugares onde é possível fumar. "Não é porque não quer que o cidadão não para de fumar. Ele não consegue", diz. Resposta. A Secretaria de Estado da Saúde diz que oferece tratamento gratuito para parar de fumar, em parceria com a Prefeitura e com o SUS. A pasta afirma que esse atendimento está disponível em "cerca de 30" locais e que o Cratod capacita os profissionais que trabalham na Prefeitura. Foram 300 desde que a lei começou a valer.

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