Primeira Igreja Batista de SP perdeu frequentadores com megaoperação que levou viciados à Praça Princesa Isabel
Por Felipe Resk
Atualização:
SÃO PAULO - José Carrasco é um senhor de 65 anos, estatura mediana e com a cabeleira mais para branca do que grisalha. Religioso, ele frequenta há 15 anos a Primeira Igreja Batista de São Paulo, que fica na Praça Princesa Isabel, no centro da capital. Foi lá onde se instalou uma nova Cracolândia, após operação policial na semana passada dispersar os usuários de droga do antigo quadrilátero da droga. Foi quando Carrasco assumiu uma nova função no templo: segurança voluntário.
Com medo de circular mais perto do fluxo, ao menos 30% dos fiéis faltaram aos cultos na semana anterior, segundo cálculos da Igreja. Por isso, Carrasco foi um dos membros da comunidade religiosa que aceitou vestir um colete e ficar com os olhos atentos na movimentação da Praça Princesa Isabel. “Como eu faço parte, conheço bem quem frequenta”, diz. “Então, a ideia é identificar quem é quem e fazer com que as pessoas se sintam acolhidas, se sintam seguras, ao me ver.”
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
1 / 20Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Segundo a polícia, 20 quilos são vendidos por dia com um faturamento estimado em R$ 8 milhões mensais Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Justiça expediu cerca de 70 mandados de prisão e 50 de busca e apreensão Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Ruas da Cracolândia foram cercadaspor policiais; muito lixo também foi espalhado pelas vias da região Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Usuários de drogas revoltados e angustiados com a ação na Cracolândia Foto: WERTHER SANTANA/ESTADAO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Operação foi encerrada por volta das 8h30; PMs permaneceram na região da Alameda Dino Buenopara garantir a segurançados garis durante a limpeza Foto: WERTHER SANTANA/ESTADAO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Policiais civis e policiais militares do Comando e Operações Especiais (Coe) também cumpriram ação na Favela do Moinho Foto: GABRIELA BILO/ ESTADÃO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Agentes ingressaram no interior da favela em busca de procurados Foto: GABRIELA BILO/ ESTADÃO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Operação policial também chama a atenção de animais de estimação da Favela do Moinho, na zona central de São Paulo Foto: GABRIELA BILO/ ESTADÃO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Foco da operação está na Alameda Dino Bueno; segundo a polícia, traficantes montaram 34 barracas na via para vender crack 24 horas por dia Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Segundo a polícia, 20 quilos são vendidos por dia com um faturamento estimado em R$ 8 milhões mensais Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Polícia Civil realiza, na manhã deste domingo, 21, uma grande operação na região da Cracolândia, no centro de São Paulo Foto: WERTHER SANTANA/ESTADAO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Traficantes contam com a ajuda dos usuários, cerca de 800, que ocupam a rua e dificultam a entrada da polícia Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Helicópteros sobrevoam a Cracolândia e a região está totalmente cercada; policiais também apreendem armas Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Usuários de drogas acompanham operação policial na Cracolândia Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Não foram vistos assistentes sociais acompanhando a ação e a polícia não informousehouve planejamento para encaminhar os usuários a um abrigo ou unida... Foto: WERTHER SANTANA/ESTADAOMais
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Cerca de dez viaturas chegaram à região às 7 horas na Favela do Moinho Foto: GABRIELA BILO/ ESTADÃO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Favela do Moinho: Helicóptero da Polícia Civil sobrevoou o local em apoio à operação Foto: GABRIELA BILO/ ESTADÃO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Policiais civis e policiais militares do Comando e Operações Especiais (Coe) também cumprem mandados na Favela do Moinho, na região central Foto: GABRIELA BILO/ ESTADÃO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Moradores acompanham a operação apreensivos; crianças também observam a ação policial Foto: GABRIELA BILO/ ESTADÃO
Polícia faz operação para prender traficantes na Cracolândia
Policiais também cumprem mandados na Favela do Moinho, na manhã deste domingo Foto: GABRIELA BILO/ ESTADÃO
PUBLICIDADE
Carrasco conta que já trabalhou como vigilante. Segundo ele, o trabalho tem sido tranquilo. “É sossegado. Se a gente não mexe com eles (usuários), eles não mexem com a gente”, diz.
“Os membros fazem trabalho voluntário, com reforço principalmente em horários de culto”, admite o pastor Reinaldo Junior, de 35 anos, segundo quem, também foi pedido reforço de policiamento ao 13.º Batalhão da Polícia Militar, responsável pela área. A Igreja também pôs à disposição dos fiéis, no domingo, uma van para levá-los ao Metrô Santa Cecília e ao Terminal Princesa Isabel. “No domingo da operação ficou bem vazio”, relata.
A Primeira Igreja Batista é conhecida pelo trabalho social realizado com usuários de drogas da Cristolândia. O projeto oferece café da manhã, banho e almoço aos usuários. “Depois da operação, o fluxo na Cristolândia cresceu de 300 para 450 pessoas por dia”, diz Junior.
Um dia após megaoperação na Cracolândia, usuários de droga seguem no centro de São Paulo
1 / 18Um dia após megaoperação na Cracolândia, usuários de droga seguem no centro de São Paulo
Cracolândia
Apósa megaoperação das Polícias Civil e Militar neste domingo, 21, o centro de São Paulo amanheceu com usuários de droga em ruas da região e do entorn... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
Cracolândia
A reportagem doEstadoconstatou nesta segunda-feira que os usuários avançaram para outras vias fora do 'quadrilátero do crack'. Foto: Werther Santana/Estadão
Cracolândia
O chamado 'quadrilátero do crack' é formado por Alameda Dino Bueno, Rua Helvétia, Alameda Cleveland e Avenida Duque de Caxias. Na foto, o cruzamento d... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
Cracolândia
O lixo que se acumulou após a megaoperação também continuava nas ruas da região nesta segunda-feira. Foto: Werther Santana/Estadão
Cracolândia
No domingo, um total de 900 policiais, entre civis e militares,realizaram uma das maiores operações na Cracolândia e na região contra o tráfico de dro... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
Cracolândia
OEstadoflagrou usuários de droga na esquina da Avenida Duque de Caxias com a Rua Santa Ifigênia. Foto: Werther Santana/Estadão
Cracolândia
A polícia desmontou as 34 barracas da feira de drogas que funcionava na área e comercializava 19 quilos de crack por dia. Foto: Werther Santana/Estadão
Cracolândia
Na Rua Helvétia, moradores de rua e usuários de droga carregam seus colchões e outros pertences. Foto: Werther Santana/Estadão
Cracolândia
Segundo a polícia,foram presos 38 traficantes durante a megaoperação- entre eles estão bandidos que foram filmados segurando armas no entorno, nas últ... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
Cracolândia
Vista geral do cruzamento da Rua Helvétia com a Alameda Dino Bueno, esquina que faz parte do 'fluxo', dentro do 'quadrilátero do crack'. Foto: Werther Santana/Estadão
Um dia após operação, Cracolândia tem fluxos 'paralelos'
A reportagem do Estado circulou por toda a manhã e início da tarde nas ruas do centro no entorno da Cracolândia e constatou que pequenos fluxos se mon... Foto: JF Diorio/EstadãoMais
Um dia após operação, Cracolândia tem fluxos 'paralelos'
Um dia após a operação do governo do Estado para prender traficantes na Cracolândia, na região central de São Paulo, o fluxo de usuários de crack e mo... Foto: JF Diorio/EstadãoMais
Cracolândia
Equipes da Prefeitura de São Paulo trabalham para limpar a área da Cracolândia. Foto: Werther Santana/Estadão
Cracolândia
Funcionário da Prefeitura limpa a Rua Helvétia. Foto: Werther Santana/Estadão
Cracolândia
As investigações que resultaram na megaoperação começaram a ser feitas pelo Departamento de Investigação Sobre Narcóticos (Denarc) em novembro, quando... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
Um dia após operação, Cracolândia tem fluxos 'paralelos'
Um dia após a operação do governo do Estado para prender traficantes na Cracolândia, na região central de São Paulo, o fluxo de usuários de crack e mo... Foto: JF Diorio/EstadãoMais
Cracolândia
Investigadores entraram em hotéis e estabelecimentos comerciais à procura de traficantes, armas e drogas. Foto: Werther Santana/Estadão
Cracolândia
Vista geral da Alameda Dino Bueno,um dia depois da megaoperação das Polícias Civil e Militar. Foto: Werther Santana/Estadão
O projeto faz, ainda, internação voluntária em quatro comunidades terapêuticas. As cerca de 120 vagas, no entanto, já estão preenchidas. “Não é só a gente: todos os lugares estão cheios”, afirma. “Por isso que, antes de se falar em internação compulsória, como está sendo discutido, tem de saber se há vagas disponíveis. Não há.”
Violência. Nesta segunda-feira, 29, por volta das 16 horas, quatro equipes da AES Eletropaulo foram à Praça Princesa Isabel para fazer reparos nos postes. O motivo é que os fios haviam sido furtados, deixando boa parte da região às escuras. “De manhã já estava sem luz”, diz o comerciante Antônio Ferreira, de 59 anos. “Já é a terceira vez só de quinta-feira (dia 25) para cá. A gente tenta trabalhar, mas não consegue vender nada”, conta.
Publicidade
Segundo Ferreira, os furtos de fiação começaram depois que os usuários passaram a concentrar-se na praça, cujo número de barracas tem crescido dia a dia. Na sexta, eram 15. Nesta segunda, mais de 35. “Em 30 anos aqui eu nunca vi nada parecido com essa situação.” Para Devarlei Splendore, de 53 anos, os moradores estão “sitiados”. “Os assaltos estão acontecendo à luz do dia. Ontem (domingo, 28) mesmo eu vi um à mão armada. Depois, o meliante foi se esconder na nova Cracolândia.”