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Fiéis vestidos de branco controlam entrada no Templo de Salomão

Igreja no Brás foi inaugurada na noite desta quinta-feira; operação da Companhia de Engenharia de Tráfego começou às 15 horas

Por Diego Zanchetta
Atualização:

Atualizada às 22h35

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SÃO PAULO - Não importava a religião. A “selfie” com o Templo de Salomão ao fundo era a meta de católicos, evangélicos, curiosos e comerciantes da região do Brás, no centro de São Paulo. Mas nem todo mundo conseguiu fazer a foto desejada da inauguração nesta quinta-feira, 31. Um paredão com centenas de fiéis da Universal, todos de mãos dadas e camisetas brancas com a estampa do templo em dourado, controlava o acesso de pedestres e de carros nas ruas no entorno.

Como o Estado revelou nesta quarta-feira, o maior templo do País, quatro vezes maior do que a Basílica de Aparecida, só foi aberto graças a um alvará de evento emitido pela Prefeitura de São Paulo no dia 19. As outras licenças que o prédio deveria ter, como as aprovações do projeto modificativo de alvará de reforma e o relatório do impacto de vizinhança, continuam sob análise na Secretaria Municipal de Licenciamentos.

O templo foi construído com base num alvará de reforma expedido em 2008, o que livrou a Igreja Universal do pagamento de 5% do valor da obra, R$ 34 milhões, em contrapartidas e melhorias para o sistema viário no entorno do templo. Foto: Alex Silva/Estadão

O Templo de Salomão foi construído com base em um alvará de reforma concedido no dia 22 de outubro de 2008. Na época, o setor de aprovações era comandado pelo ex-diretor Hussein Aref Saab, posteriormente alvo de uma série de denúncias de irregularidades. 

Nesta quinta, fiéis foram escalados para “deixar a chegada das autoridades mais bonita”, segundo relatos deles próprios. Todos ficavam bem encostados na guia da Avenida Celso Garcia e de ruas transversais, impedindo a visão de milhares de curiosos que tentavam fazer uma foto do templo ou ver famosos chegando para a cerimônia. 

O objetivo era deixar a rua livre para a chegada dos convidados ilustres, muitos deles em carros oficiais ou deixados por motoristas particulares bem na entrada da igreja. O trânsito ficou caótico em toda a região da igreja por quase quatro horas, das 16 às 20 horas. 

Agentes da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) também ficaram indignados com o controle que os integrantes da igreja tentavam fazer das pessoas e dos carros. Mesmo diante da reclamação de pedestres, de jornalistas, dos agentes da CET e até de soldados da Polícia Militar, os fiéis permaneciam mudos e de mãos dadas, cumprindo a função de bloquear o trânsito de não convidados nos arredores. 

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“Eu controlo o trânsito, sim”, respondeu à reportagem um fiel que impedia funcionários que saíam do trabalho de atravessar a faixa de pedestre da Avenida Celso Garcia, mesmo com o sinal verde para a travessia. “Nós estamos trabalhando para Deus, não é para a igreja”, respondeu outra mulher, com camiseta do templo, que não deixava os carros passarem na Rua João Monteiro, na lateral do megatemplo.

Beleza. Mesmo com o paredão de fiéis impedindo a visão do lugar, centenas de curiosos se espremiam nas ruas do Brás para tentar ver o culto de inauguração do lado de fora. Até dentro da centenária Paróquia São João Batista do Brás, católicos pararam para tirar fotos no momento da abertura dos portões de Salomão, por volta das 16 horas. “Virou uma atração turística para a região. Mas acho que a rua aqui não vai comportar os carros que vão vir para os cultos”, afirmou o comerciante Alfredo Valério Neto, de 48 anos, morador do Brás. Católico, o empresário Marco Antonio Bernal, de 46 anos, declarou que “não dá para negar que o templo ficou maravilhoso”.

O clima era de gala para a chegada dos convidados. Por meio de um grande tapete vermelho cercado por grades, com gruas gigantes carregando câmeras da TV Record, os convidados eram recebidos por pastores graduados da Universal. Mas o mais esperado de todos os convidados, o apresentador Silvio Santos, não foi visto.

“Meu sonho era tirar uma foto com ele. Eu derrubo esses fiéis, se ele passar por aqui”, avisava Arnaelda Tereza Vieira, de 21 anos. Comerciantes nos arredores comemoraram a inauguração do templo. “Eu estou abrindo hoje, com a igreja”, disse Danielle Amaral, de 27 anos, que abriu em dois cômodos um ponto que vende salgados e sucos por R$ 1.

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