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'Falaram que sou neonazista, é mentira', diz manifestante agredido na Paulista

Guilherme Nascimento afirma ter levado golpe na cabeça de militante petista

Por Victor Vieira
Atualização:

SÃO PAULO - Apesar do protesto predominantemente pacífico em São Paulo na quinta-feira (20), o manifestante Guilherme Nascimento terminou o dia no hospital por causa de um desentendimento com militantes do PT. Segundo ele, que levou um forte golpe na cabeça com uma bandeira, não houve provocação que justificasse a violência. "Foi um militante petista quem me acertou a paulada. Apenas gritamos para que eles abaixassem as bandeiras do partido", contou, em entrevista ao Estado nesta sexta-feira, 21. 

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Nas redes sociais, circularam textos dizendo que Nascimento é skinhead e teria provocado o suposto agressor. "Falaram que sou neonazista, talvez porque seja forte e careca. Isso é mentira. Meu pai é negro. Tenho amigos que são negros, homossexuais", afirma o manifestante, que é bacharel em Direito e tem 27 anos.

"Antes de me bater, ele disse que se eu tinha emprego deveria agradecer ao seu partido", afirmou o manifestante agredido. Ao ser escoltado para fora da multidão, com a cabeça ensaguentada, Nascimento retrucou: "muito obrigado, PT".

Um grupo de quase 150 defensores da legenda foi hostilizado na passeata que tomou a Avenida Paulista à noite. Sob gritos de que o movimento é apartidário, os demais ativistas expulsaram os militantes. Além do empurra-empurra, uma bandeira da sigla foi queimada.

Movimento Passe Livre esclareceu que não é contrário à participação de pessoas ligadas a legendas. Em nota na sua página no Facebook, o MPL afirma que é "um movimento social apartidário, mas não antipartidário" e repudiou os "atos de violência direcionados a essas organizações durante a manifestação de hoje (quinta), da mesma maneira que repudiamos a violência policial".

Guilherme Nascimento levou 14 pontos na parte de cima da cabeça e está sob observação médica até este sábado, 22. As próximas tomografias ainda revelarão se houve ferimentos mais graves. Depois de participar de quase todas as manifestações na capital, ele ainda pretende voltar às ruas. "Devemos continuar os protestos, mesmo com a redução da tarifa. Não fui às passeatas para brigar, mas lutar pelos nossos direitos."

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