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Ex-diretor de gestora do Municipal admite participação em esquema

William Nacked firmou acordo de delação premiada com o MPE e se comprometeu a devolver R$ 3 milhões aos cofres públicos

Foto do author Adriana Ferraz
Por Adriana Ferraz , Alexandre Hisayasu e Felipe Cordeiro
Atualização:

SÃO PAULO - O ex-diretor do Instituto Brasileiro de Gestão da Cultura (IBGC) William Nacked fechou acordo de delação premiada com o Ministério Público Estadual de São Paulo (MPE-SP) e admitiu participação no esquema de corrupção no Teatro Municipal que desviou ao menos R$ 15 milhões de verbas públicas.

O ex-diretor do Instituto Brasileiro de Gestão da Cultura (IBGC) William Nacked fez delação premiada Foto: Divulgação

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O IBGC é a organização social (OS) responsável pela gestão do teatro. O Estado apurou que a delação de Nacked foi homologada pela Justiça e, portanto, já está valendo. Foram mais de 20 horas de depoimento aos promotores do Grupo Especial de Delitos Econômicos (Gedec).

Além de confirmar a participação no esquema de corrupção no teatro, Nacked se comprometeu a devolver R$ 3 milhões aos cofres públicos. A defesa dele afirmou, em nota, que o caso corre sob sigilo e que, por isso, "só vai se manifestar nos autos".

Procurados pelo Estado, os promotores não quiseram se manifestar sobre o acordo de delação premiada firmado com o ex-diretor do IBGC.

Réu confesso no esquema, o ex-diretor-geral da Fundação Theatro Municipal José Luiz Herência foi o primeiro a fazer um acordo de delação premiada com o MPE e se comprometeu a devolver R$ 6 milhões que teriam sido desviados por ele.

O ex-diretor afirmou que Nacked e o diretor artístico do teatro, maestro John Neschling, sabiam e participavam do esquema - Neschling nega, assim como o secretário municipal de Comunicação, Nunzio Bruguglio Filho, também citado na delação de Herência.

CPI. Agendada para esta quarta-feira, 24, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal, a acareação entre parte dos envolvidos no escândalo não ocorreu pela ausência de John Neschling e William Nacked. Apenas José Luiz Herência compareceu à reunião.

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Diante da negativa, os vereadores aprovaram petição à Justiça para conduzir Neschling de forma coercitiva, em data ainda a ser definida. A mesma medida foi tomada em relação à mulher do maestro, Patrícia Melo, que ainda não compareceu à CPI mesmo após duas intimações. 

No mesmo requerimento, os parlamentares também solicitam apoio da Justiça para conseguir, com a Polícia Federal, a apreensão do passaporte do maestro, a fim de evitar uma possível fuga para o exterior - o músico tem residência na cidade de Lugano, na Suíça.

A defesa de Neschling afirmou que a acareação, se fosse realizada, poderia virar uma "briga de rua". Em nota, o maestro reiterou que não tem mais o que esclarecer, considerando os fatos exaustivamente expostos nas cinco horas e meia de seu depoimento à CPI, semana passada. "Neschling já deixou claro à CPI não ter mais nada a declarar sobre os fatos, a única consequência de seu comparecimento seria sua submissão a constrangimento, com os inevitáveis prejuízos adicionais à sua imagem pública e à sua dignidade."

William Nacked usou um compromisso agendado para hoje no Ministério Público Estadual para justificar a falta. O cineasta Toni Venturi, responsável pela produção de uma campanha publicitária no valor de R$ 540 mil, que nunca foi veiculada na mídia, também faltou. Ele havia sido intimado para falar sobre o contrato feito por sua empresa, Olhar Imaginário, com a Fundação Theatro Municipal de São Paulo. Como mostrou reportagem do Estado, os vídeos milionários foram postados no YouTube em julho, um ano após sua conclusão.

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