Haddad: 'Evidente' que devolveria salário se ganhasse acima do teto

Prefeito comentou atitude de Suplicy e disse que gesto deve ser replicado por aqueles que recebem mais do que o limite

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Por Juliana Diógenes
Atualização:

SÃO PAULO - O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), evitou nesta sexta-feira, 8, classificar a atitude de Eduardo Suplicy, ex-senador e agora ex-secretário municipal de direitos humanos, que devolveu aos cofres públicos a própria remuneração líquida de R$ 176,2 mil acumulada em mais de um ano no cargo de titular da pasta. 

Haddad se limitou a defender que o gesto deveria ser replicado por aqueles que recebem acima do teto do funcionalismo público (R$ 33,7 mil), caso de Suplicy. Questionado se seguiria o exemplo do ex-senador petista, o prefeito afirmou que devolveria o salário caso fosse remunerado com um valor superior ao teto do funcionalismo. 

O ex-senador Eduardo Suplicy Foto: Monica Zarattini/Estadão

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Se eu recebesse acima do teto? Evidente (que devolveria). Acho que ninguém deveria receber acima do teto no Brasil. É um equívoco muito grande. O salário mínimo é menos de R$ 1 mil. Não tem razão nenhuma para ninguém receber acima do teto no Brasil, que é mais de 30 vezes esse valor. O gesto do Suplicy pode e deve ser seguido por quem recebe acima do teto".

Nesta quinta-feira, 7, Suplicy afirmou em seu perfil no Facebook ter devolvido R$ 176.267,67 mil à Prefeitura. O valor representa a soma dos salários que acumulou no Município desde que assumiu o cargo, em fevereiro do ano passado.

A decisão de devolução da remuneração foi tomada após reportagem do Estado mostrar que a soma do salário pago pela Prefeitura (R$ 19,2 mil) e da aposentadoria como senador (R$ 33 mil) daria a Suplicy um rendimento mensal de R$ 52 mil - valor acima do teto do funcionalismo público, que é o subsídio de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), fixado hoje em R$ 33,7 mil.

 

Na transmissão do cargo de secretário de Direitos Humanos, entreguei ao Prefeito Fernando Haddad um cheque de R$... Publicado por Eduardo Suplicy em Quinta, 7 de abril de 2016

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No post, o petista afirma que a quantia será repassada ao recém-criado Fundo Municipal de Cidadania - uma cópia da abertura da conta foi publicada juntamente com a informação.

A doação de Suplicy tem como objetivo financiar a implementação da Renda Básica de Cidadania em São Paulo, projeto idealizado e defendido pelo petista há pelo menos 12 anos, quando a lei que instituiu a iniciativa no Brasil foi aprovada pelo Senado Federal.

O programa prevê o pagamento de uma espécie de bolsa a todos os cidadãos, que passariam, então, a participar oficialmente da distribuição das riquezas produzidas na região que vivem. 

Como o programa ainda não existe na capital e também não há sinalização de que será implementado, Haddad destacou que o importante é o valor "voltar" para a assistência social. "Tem o Comas (Conselho Municipal de Assistência Social) que pode decidir a destinação", disse.  

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