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Estudo revela cocaína no mar da baía de Santos

Além da droga, pesquisa da Unisanta e da Unifesp identificou resquícios de remédios na água no litoral paulista

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Por Luiz Alexandre Souza Ventura
Atualização:

SANTOS - O mar da baía de Santos, no litoral paulista, está contaminado por resíduos de remédios e de cocaína. Esses elementos já afetam a vida marinha e podem prejudicar a saúde da população, alerta estudo das Universidades Santa Cecília (Unisanta) e da Federal de São Paulo (Unifesp).

Esgoto.Tratamento não é capaz de remover substâncias Foto: Luciana Guimarães

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A pesquisa, coordenada pelo professor da Unisanta Camilo Pereira, avaliou a água em uma área de navegação, onde há uma saída da rede de esgoto tratado pela Companhia Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). A primeira coleta foi no carnaval de 2014. “A meta era achar fármacos na água. De fato, identificamos ibuprofeno, paracetamol e diclofenaco, mas também surgiu cocaína, que não era objetivo do estudo.”

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Após a droga surgir em concentrações mais altas do que em outras regiões costeiras, os cientistas passaram a monitorar seis pontos entre 2016 e este ano. “Encontramos a droga pura e o metabólico da cocaína, produzido pelo fígado do usuário, dispensado na urina, que chega à rede de esgoto.” Para a droga pura que vai ao esgoto, a hipótese é de perda no transporte ou na produção de crack.

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“Encontramos até 500 nanogramas de cocaína por litro no carnaval de 2014. Em outras épocas, as concentrações foram menores, de 250 nanogramas por litro. O pico no carnaval era esperado, porque há aumento de população e pelo evento, que leva ao maior uso de álcool e de psicotrópicos”, diz Pereira. As estações de esgoto convencionais, diz o estudo, não são capazes de retirar essas substâncias. O descarte inadequado de remédios, jogados no vaso sanitário e na pia, também contribui para a contaminação. 

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Os pesquisadores simularam a contaminação no laboratório de bioensaio da Unifesp, que integra o departamento de ciências do mar, e no laboratório de ecotoxicologia da Unisanta, que tem função interdisciplinar, isolando as substâncias, usando mexilhões em uma bateria de ensaios biológicos. "Identificamos danos nos processos de reprodução, nas células sanguíneas e no crescimento desses animais", comenta Pereira.

A nova etapa do estudo vai avaliar os animais marinhos da baía de Santos, principalmente aqueles comestíveis, e os impactos dessa contaminação na saúde da própria fauna e também da população que a consome.

Tratamento

A Sabesp disse, em nota, que “fármacos e entorpecentes não são removidos no tratamento de esgoto nem em cidades como Londres e Nova York”. Afirmou ainda que segue as regras de saneamento e a qualidade da água do mar é influenciada por outros fatores, como lixo jogado na rua e levado à praia pela chuva. 

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