Uma estudante de História da Universidade de São Paulo (USP) estava nesta terça-feira, 23, entre os cerca de 300 sem-teto, de acordo com a Polícia Militar, que tiveram de desocupar o terreno atrás do Hospital Universitário, na zona oeste da capital paulista. Ela pediu para não ter o nome divulgado. A mulher, de 32 anos, que em 2015 estará no último ano da graduação, disse que teve a bolsa moradia suspensa durante a greve de funcionários da instituição, que durou mais de cem dias.
O benefício garante aos alunos de baixa renda uma vaga no Conjunto Residencial da USP (Crusp), além de auxílio financeiro.
A aluna, que nasceu em Manaus, disse que veio a São Paulo quando criança, com a mãe, e já morou em uma ocupação em Diadema, na região metropolitana de São Paulo. Ela contou que trabalhava como professora em um cursinho popular, mas que hoje está desempregada.
“Perdi o benefício porque precisava renovar e não tinha ninguém para fazer. Tive de morar de favor”, explicou a estudante, que estava ontem à tarde na frente ao terreno desocupado, sem saber para onde ir. “Minhas coisas estão espalhadas em casas de parentes e amigos”, disse, segurando uma bolsa com um caderno de anotações do curso.
Desde a paralisação, ela contou que viveu por alguns meses com duas colegas em um dos apartamentos do Crusp. A jovem ainda chegou a morar por um ano com o marido em outra ocupação, também no Butantã. Pela casa, eles pagavam, de acordo com ela, R$ 650 de aluguel.
Estabilidade. Quando ficou sabendo da ocupação no terreno da Universidade de São Paulo, a estudante viu uma oportunidade de conseguir estabilidade. De acordo com outros sem-teto que estavam no local, a invasão, concretizada na sexta-feira da semana passada, era planejada “havia pelo menos três meses”. A intenção, contam, era “fazer lotes de 4 por 8 metros por família, e cada um pagaria uma mensalidade pela moradia”.
A estudante disse que está em contato com uma assistente social da Superintendência de Assistência Social da USP para regularizar a situação e voltar à moradia estudantil, mas que, por enquanto, sua estada não está garantida.
O aluguel de um cômodo na favela San Remo, ao lado da universidade, custa a partir de R$ 300, segundo moradores.