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Estado decide proteger a Vila dos Ingleses, na Luz

Conjunto foi erguido em 1918 como moradia para engenheiros que vieram para obras da estação e da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí

Por Edison Veiga e Rodrigo Burgarelli - O Estado de S. Paulo
Atualização:

SÃO PAULO - A Vila dos Ingleses, um pequeno conjunto de 28 casas na Luz, centro de São Paulo, foi protegida pelo órgão estadual de patrimônio público. Construída em 1918, a vila fica em uma via sem saída na Rua Mauá e é um dos principais exemplares remanescentes do tipo de construção vitoriana, popular na capital paulista do início do século 20.

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A decisão de proteger o conjunto foi tomada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) na semana passada. O colegiado abriu processo de tombamento da vila, o que significa que ela não poderá mais sofrer modificações sem a anuência do órgão. Novos estudos históricos e arquitetônicos serão feitos pelos técnicos para que, em um futuro próximo, seja votado o tombamento definitivo ou não das 28 casas de estilo vitoriano.

A vila foi erguida em plena República Velha, em uma época em que a população paulistana crescia em ritmo alucinado - de 1915 a 1920, aumentou de 427 mil para 579 mil, um salto de 35% em apenas cinco anos. O local era o jardim do antigo palacete da Marquesa de Itu, herdeira de uma das famílias paulistanas mais tradicionais da época, os Pais de Barros. Ela cedeu o espaço para que o marido da sobrinha-neta, o engenheiro Eduardo de Aguiar D’Andrada, erguesse o empreendimento.

 

A construção visava a criar moradias de aluguel para os engenheiros ingleses que trabalhavam nas obras da Estação da Luz e da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, na qual D’Andrada era diretor técnico. Sua ideia foi a de criar um "verdadeiro jardim no centro da cidade". Para tanto, ocupou só 38% da área com edificações e deixou o restante para áreas internas, ajardinadas e de arejamento.

Histórico. Com o fim das obras da ferrovia e, principalmente, após a instalação da antiga rodoviária na região da Luz, a vila perdeu seu apelo para a população com maior poder aquisitivo. Em um primeiro momento, acabou atraindo uma classe média intelectualizada - artistas e profissionais liberais. Pouco a pouco, foi sendo abandonada ou dando espaço para cortiços.

Isso durou até a década de 1950, quando foi recuperada por seus herdeiros e abrigou pensionatos católicos e clubes de funcionários federais.

Nos anos 1970, nova decadência, numa época em que o entorno da antiga rodoviária da Luz enfrentava um período de degradação. Em 1988, após uma reforma que voltou a revitalizar a vila, seu perfil passou de residencial para comercial, como é hoje. Atualmente, funcionam ali escritórios de arquitetura e design, uma loja de produtos para festa, uma ótica e um restaurante.

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