Enterro de publicitário morto por PMs é marcado por protestos

Parentes e amigos pediram justiça e cobraram respostas do governo

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Por Isadora Peron - O Estado de S. Paulo
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Atualizado às 11h40

São Paulo - O enterro do publicitário Ricardo Prudente de Aquino, de 39 anos, realizado às 10h desta sexta-feira no Cemitério Gethsemani, na Vila Sônia, zona sul da cidade, foi marcado por protestos de familiares e amigos.  Aquino foi baleado por policiais militares na noite de quarta-feira, no Alto de Pinheiros, zona oeste da capital,após supostamente ter fugido de uma blitz ."Que a sua morte não tenha sido em vão", disse a mãe do publicitário, a empresária Carmen Sacramento, no momento em que o filho era sepultado. "Faça-se justiça, faça-se segurança. Nossos filhos precisam de um mundo melhor", desabafou."Eu tenho netos, crianças que ainda estão crescendo. Nós não temos segurança nenhuma, temos medo da polícia", disse.O pai da vítima, José Rubens Prudente de Aquino, também pediu justiça. Ele culpou o governo do Estado e a Secretaria Estadual de Segurança Pública pela morte do filho. "Não se pode ter alguém tão incompetente em uma administração", disse. Eles (o governo) botam pessoas que não estão à altura da obrigação que lhes é atribuída, gente que não tem preparo". Amigos e familiares do publicitário disseram que pretendem iniciar um campanha contra a impunidade.Pouco antes do enterro, os presentes fizeram uma homenagem ao publicitário, colocando bandeiras com mensagens de despedida ao redor do túmulo. Elas foram dispostas em formato de coração.A reportagem não constatou a presença de PMs no funeral. Ontem, um representante da corporação foi até a casa das vítimas pedir desculpas pelo ocorrido.Morte. O publicitário Ricardo Prudente de Aquino foi assassinado depois de uma abordagem equivocada de três policiais militares, na Avenida das Corujas, próximo à Praça do Por-do-sol. De acordo com a PM, o publicitário foi baleado porque os homens confundiram o celular que carregava com uma arma.A Polícia, que se desculpou com a família da vítima, afirma que ele deixou de parar em uma blitz, motivo pelo qual foi perseguido.O publicitário não tinha antecedentes criminais e não foram encontradas armas em seu Ford Fiesta - apenas 50 gramas de maconha. Questionada durante o enterro se o filho era usuário da droga, Carmen se exaltou e negou com convicção. "Vocês sabem que foi plantado (colocado pelos PMs no carro). Um cara que é mergulhador, que faz tudo que ele faz, não usa nada disso." Cinco amigos do publicitário ouvidos pela reportagem também negaram veementemente que ele consumisse a erva. Além da existência ou não de maconha no carro de Aquino, a família não reconheceu o celular devolvido pela polícia como sendo o da vítima. Um telefone visto na mão do publicitário de fora do carro foi confundido com uma arma pelos policiais e teria motivado os disparos, segundo a versão que apresentaram.Os três PMs envolvidos na ação, com idades entre 26 e 30 anos, foram presos em flagrante e levados ao Presídio Militar Romão Gomes, no Tremembé, zona norte da capital. Eles responderão por homicídio doloso - com intenção de matar. O caso foi registrado no 14º DP (Pinheiros).

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