Apesar de os próprios técnicos admitirem que o enterramento da fiação aérea pode reduzir os blecautes em São Paulo, o programa não avança na capital. Com isso, amplia-se a possibilidade de apagões neste verão. A AES Eletropaulo - responsável por 98% da fiação aérea da capital - e a Prefeitura descumprem a Lei 14.023/05, que determina que toda a rede de cabeamento aérea deve ser transferida para redes subterrâneas. A legislação prevê que devem ser enterrados até 250 km da rede por ano. A AES cumpriu 1,3% do necessário em 2011 e pretende enterrar 1,8% em 2012. A própria Eletropaulo diz que, se os cabos fossem subterrâneos, 70% dos blecautes poderiam ser evitados. A rede elétrica paulistana supera 36 mil km, de acordo com a Prefeitura, mas somente 1,8 mil km são subterrâneos - cerca de 5% do total. Para a Eletropaulo, são 22 mil km de rede e 3 mil km enterrados. A Eletropaulo diz que investiu R$ 318 milhões em enterramento desde 2001. Neste ano, foi feito enterramento em trechos da Avenida Faria Lima e das Ruas José Paulino, 13 de Maio, Bernardino de Campos e Martiniano de Carvalho. Para 2012 são previstos 4,5 km nas Ruas José Paulino, do Gasômetro e Largo da Batata.Enquanto isso, os blecautes continuam. Neste ano, o problema foi tão grave que a Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) aplicou mais de R$ 30 milhões em multas à Eletropaulo, que sofreu ainda três autuações do Procon-SP, no total de quase R$11 milhões. Na Arsesp, as reclamações saltaram de 519 (janeiro a novembro de 2010) para 889 no mesmo período de 2011.O Procon organizou um mutirão exclusivo para atender a reclamações sobre apagões e, entre 24 de fevereiro e 18 de novembro, recebeu 1.456 denúncias - 1.299 contra a Eletropaulo. Além disso, 726 pessoas reclamaram apenas sobre a falta de energia, 538 também relataram queima de aparelhos por blecaute, 51 ainda tiveram dificuldades com o SAC e 141 relataram outros problemas. "E as chuvas devem vir tão fortes em 2012 como em 2011", alerta o meteorologista da Climatempo Marcelo Pinheiro.Preço. O custo do enterramento é um dos motivos da demora no cumprimento da legislação - seriam necessários R$ 240 bilhões em toda a cidade. "A Prefeitura nunca apresentou um plano de enterramento. A Eletropaulo informa que não faz porque é caro e teria de elevar a tarifa. A Prefeitura diz que a concessionária deve pagar. Fica esse jogo de empurra", afirma o vereador Antonio Donato (PT), presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito da Eletropaulo, que investiga o problema. "A empresa tem de obedecer a lei municipal", afirma Fátima Lemos, assessora do Procon-SP.
Serviço
O CONSUMIDOR VÍTIMA DE APAGÕES TEM DIREITO A UM DESCONTO NA CONTA, DESDE QUE TENHA FICADO SEM LUZ POR UM PERÍODO SUPERIOR AO LIMITE DE SUA REGIÃO. PARA SABER MAIS, PROCURE O PROCON-SP (WWW.PROCON.SP.GOV.BR E PELO 151) E A OUVIDORIA DA ARSESP (0800-0555591).
