Em São Paulo, maioria dos mortos é homem, jovem e branco

Os bairros da capital onde casos de homicídios foram mais frequentes em fevereiro estão localizados nas zonas sul e leste

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Foto do author Marco Antônio Carvalho
Foto do author Fabiana Cambricoli
Por Marco Antônio Carvalho e Fabiana Cambricoli
Atualização:

SÃO PAULO - Os bairros da capital onde casos de homicídios foram mais frequentes em fevereiro estão localizados nas zonas sul e leste. Regiões como o Capão Redondo, Parque Santo Antônio e Parelheiros, na zona sul, e Vila Jacuí, na zona leste, aparecem no topo da lista com mais casos de assassinatos no mês passado.

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O alvo dos homicidas, de acordo com perfil levantado pela Secretaria da Segurança Pública e divulgado nesta quarta-feira, 26, tem como características principais o fato de ser homem, jovem e branco. Quase 90% dos assassinatos foram praticados contra homens, e em 18% deles havia indícios de execução. 

Quanto à idade, os jovens são as vítimas mais frequentes: entre os mortos, 31,9% tinham entre 15 e 29 anos. Outros 16,6%, tinham entre 30 e 34 anos. Os crimes geralmente acontecem na via pública (58,7%) ou na residência de algum dos envolvidos (16,3%).

Número de homicídios aumentou na capital paulista em fevereiro de 2015 Foto: NIVALDO LIMA/FUTURA PRESS

A descrição de Marcos Nunes Pereira Pinto, assassinado nesta terça-feira, 24, no Jaçanã, zona norte da capital, e as circunstâncias da sua morte se encaixam exatamente em alguns dos itens mais frequentes do perfil. O jovem de 17 anos estava próximo de um bar, em via pública, quando criminosos abriram fogo contra um grupo de pessoas. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu à gravidade dos ferimentos. Quatro pessoas foram hospitalizadas.

Roubos. Nem mesmo o intenso movimento da região da Praça da Sé, no centro da cidade, impediu que um ladrão abordasse o professor Felicce Fatarelli, de 32 anos, quando ele estava parado em um semáforo na frente do Fórum João Mendes, há algumas semanas. “Era por volta das 18h30, as ruas estavam lotadas, tinha muito trânsito e só vi um cara batendo no vidro do carro com força, com um revólver. Ele disse que, ou eu entregava tudo o que tinha ou ele me matava”, contou Fatarelli, que voltava de um curso na zona sul e seguia para sua casa, na Vila Matilde, zona leste.

No volante, ao lado da mulher, o professor entregou o celular e cerca de R$ 100 que trazia no bolso para comprar um bolo para a mãe, que fazia aniversário naquele dia. “Eu nunca ando com dinheiro, mas justo naquele dia tinha esse valor. Na hora fiquei com raiva por trabalhar tanto e perder essa grana, mas depois deu um alívio. Se eu não tivesse nada, talvez o ladrão tivesse até me agredido ou feito coisa pior.”

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