SÃO PAULO - Nos 25 metros quadrados onde vive Voluzia Cristine Garra, de 44 anos, moram mais nove pessoas: a mãe, o marido, três filhos, o genro, a neta, o irmão e a tia. Todos estão à espera de uma habitação popular prometida pela Prefeitura há mais de dois anos e compartilham um apartamento invadido no Cine Marrocos, centro de São Paulo. Além deles, outras 700 famílias (mais de 4 mil pessoas) estão há mais de um ano habitando a área em que funcionou um dos mais luxuosos cinemas da América Latina na década de 1950. Em 2013, a Prefeitura de São Paulo cadastrou os moradores na lista de espera por habitação popular e prometeu ao Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MSTS) que as casas seriam concedidas o mais rápido possível e, em troca, o prédio seria desocupado. A numerosa família de Voluzia foi uma das primeiras a chegar ao Cine Marrocos, no fim do ano passado. Moradores do bairro Cambuci, na zona sul, pagavam cerca de R$ 1,7 mil no aluguel de um imóvel com três cômodos. Desempregados e endividados, foram despejados e não conseguiram outra residência. Viram no local a oportunidade de conseguir uma moradia própria, que deve demorar a chegar. Das 55 mil moradias prometidas na gestão Haddad, até o momento, foram entregues 3,6 mil unidades.
"Eu me sinto desvalorizada como cidadã. São Paulo tem condições de habitar todo mundo. Eles
(a Prefeitura)
preferem perder um prédio como esse do que dar moradia para as famílias. Será que se colocam no nosso lugar?", critica Voluzia.