PUBLICIDADE

Em ato contra a Copa, black blocs queimam álbum de figurinhas

De acordo com a PM, cerca de 800 manifestantes bloquearam a Radial Leste e caminharam no sentido centro

Por Monica Reolom
Atualização:

Atualizada às 23h30

PUBLICIDADE

SÃO PAULO - Pela primeira vez realizado na zona leste de São Paulo, o protesto contra a Copa do Mundo reuniu nesta terça-feira, 29, cerca de 800 manifestantes, de acordo com a Polícia Militar. O sexto ato na capital começou às 20h15, na Rua Tuiuti, perto da Estação Tatuapé do Metrô, e terminou às 23h20, na frente da Catedral da Sé, na região central.

O grupo seguiu pacificamente pela pista central da Radial Leste até a Sé. Embora a PM não tenha divulgado o efetivo, o número de agentes era visivelmente maior do que o de manifestantes. A tática da PM de cercar o protesto foi mantida.

No início do ato, a Tropa de Choque bloqueou o acesso à Radial no sentido Itaquerão, onde será realizado o jogo de abertura do Mundial no dia 12 de junho, o que obrigou o protesto a seguir outro rumo. Nesse momento, três adolescentes foram apreendidos por portar estilingues, facas e pedras em mochilas. Black blocs queimaram álbuns de figurinhas da Copa como forma de protesto.

Ao longo da passeata, houve alguns momentos de tensão entre a polícia e manifestantes por causa da definição do trajeto. Até as 21h, a intenção era fechar a Radial, mas o grupo foi impedido pela PM. "Deixa passar a revolta popular", retrucavam os ativistas.

A passeata desta terça não teve um tema específico, como saúde, educação ou transporte. Diferentemente de outros atos cujo público era formado predominantemente por jovens, moradores da região se juntaram ao grupo. "Não viemos por sermos contra a Copa, mas contra o sistema, contra toda essa roubalheira. Muitas pessoas estão morrendo, o governo dá dinheiro para outros países e nós também somos dependentes do SUS", disse a dona de casa Márcia Zanferari Sauer, de 49 anos.

Seu marido, o orçamentista Álvaro Luiz Sauer, de 51 anos, criticou a falta de preparo do Brasil para receber o evento. "Nós vemos os discursos do Pelé, do Ronaldo e sabemos que eles têm muito mais dinheiro do que a gente e o que eles dizem fica só no discurso. Vamos passar vergonha", disse. A filha de 14 anos acompanhou o casal.

Publicidade

O padre Julio Lancellotti, que participou de todas as manifestações, disse que estava lá porque "as reivindicações são justas e não são respondidas pelas autoridades". "Daqui para frente, essas manifestações só vão se multiplicar", afirmou.

Expectativa. O ato anterior contra a Copa, realizado no dia 15 de abril, terminou com depredação e 54 pessoas detidas. Os dois anteriores, que aconteceram em março, terminaram sem tumulto. O primeiro protesto foi realizado em 25 de janeiro e teve 135 pessoas detidas, além de um manifestante baleado por policiais. O segundo, no dia 22 de fevereiro, registrou 260 detidos, entre eles cinco jornalistas.

A Gaviões da Fiel convocou os seus associados para protegerem a Arena Corinthians de possíveis protestos. Integrantes da torcida organizada combinaram de se concentrar na frente do estádio para garantir que o local não fosse danificado.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.