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Em 12 horas, MTST ergue 600 barracos no Morumbi

Movimento promete mais invasões na capital paulista, caso a Câmara Municipal adie novamente a votação do novo Plano Diretor

Foto do author Adriana Ferraz
Por Adriana Ferraz e Rafael Italiani
Atualização:
Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) em terreno na zona sul da capital Foto: Rafael Arbex/Estadão

O Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) invadiu mais um terreno na zona sul da capital. Divididos em 14 ônibus, cerca de 800 integrantes ergueram as 200 primeiras barracas na madrugada de ontem em uma área do Portal do Morumbi. À tarde, a entidade já falava em 600 barracas e prometia mais invasões, caso a Câmara Municipal adie novamente a votação no novo Plano Diretor.

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“Essa ocupação é um protesto contra a demora na aprovação do Plano Diretor. Quanto mais os vereadores demorarem a votar, mais vamos ocupar”, prometia Ana Paula Ribeiro, uma das coordenadoras nacionais do MTST.

Segundo ela, a aprovação do projeto que reordena o crescimento da cidade pelos próximos 16 anos não fará com que as famílias deixem o local. “Queremos que essa área seja considerada zona de interesse social, para a construção de moradias populares.” Apesar de não ter data definida, a votação pode ocorrer nesta semana.

O terreno invadido fica na Rua Doutor Luís Migliano, que liga as Avenidas Giovanni Gronchi e Francisco Morato e é rota para o Cemitério da Paz. No local, o valor médio do metro quadrado é de R$ 8 mil e os apartamentos mais luxuosos chegam a R$ 1,5 milhão. Ao lado da nova invasão, está em construção um condomínio residencial com unidades de até 243 m².

Na página oficial do MTST, a região é classificada como um local onde a “especulação imobiliária se alastra como epidemia, tendo efeitos perversos, como o aumento desenfreado e abusivo dos aluguéis, levando à expulsão de famílias para bairros com menos estrutura.” No entorno do terreno, prédios comerciais e residenciais de classe média alta dividem espaço com barracos da Favela da Vila da Praia. Parte dos moradores da comunidade, segundo o movimento, participa da ocupação, assim como famílias das comunidade Olaria e Viela da Paz.

A auxiliar de limpeza Sandra da Silva, de 33 anos, ergueu sua barraca ontem, ao lado das filhas gêmeas de 8 anos. “Fui retirada da Favela da Praia há cinco anos e não recebi nenhum auxílio-aluguel. Vou passar o dia aqui e, à noite, meus vizinhos revezam comigo”, conta. Enquanto dava entrevista, Sandra era incentivada a permanecer no terreno, apesar de todas as dificuldades – ontem de madrugada fazia 13ºC na cidade.

Pela manhã, as famílias participantes se reuniram no meio do terreno para a primeira assembleia. Por causa do frio, muitas faziam fogueiras na frente das barracas de lona, enquanto erguiam faixas com o lema do movimento.

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Posse. A área ocupada tem 200 mil m² e pertenceria a uma construtora. Segundo a Polícia Militar, o advogado do proprietário, que não teve o nome revelado até às 15h, registrou BO por esbulho possessório, ou seja, posse não legítima. À PM, ele disse que um empreendimento será erguido no local.

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