Uniforme é distribuído 'independentemente da cor', diz secretaria

Prefeitura assinou dois contratos de R$ 7,5 mi cada para armazenar 156,5 toneladas de roupas deixadas pelo ex-prefeito Kassab

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Por Rafael Italiani
Atualização:

SÃO PAULO - O chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Educação, Marcos Rogério de Souza, negou que as 156,5 toneladas de uniformes escolares herdadas da gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) não estejam sendo usadas porque houve mudança de cor dos kits durante o governo Fernando Haddad (PT). As peças de roupa, segundo ele, “são inservíveis”. Em entrevista à Rádio Estadão, Souza informou que “os (uniformes) que estão adequados, independentemente da cor, estão sendo distribuídos”. 

Em dezembro 2014, a pasta assinou um contrato com a Integra ao custo de R$ 7,5 milhões por um período de um ano para armazenar uniformes, materiais escolares e 10 mil móveis. No final de 2015, o acordo e o valor foram renovados por mais 12 meses. Neste ano, o acordo foi renovado pelo mesmo valor e a Prefeitura também vai pagar R$ 7,5 milhões ao longo de 2016: assim, o gasto total será de R$ 15 milhões. A Integra faz o gerenciamento total de logística: armazenagem, manuseio, embalagem e transporte.

Nas caixas. Para evitar 'estoque morto', vereador quer projeto de lei para padronizar indumentária de alunos da rede Foto: RAFAEL ITALIANI/ESTADAO

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O chefe de gabinete afirmou ainda que nos anos 2014, 2015 e 2016 10 mil kits de roupa que estavam no galpão foram entregues aos alunos. “É um armazém grande, que tem altíssima rotatividade. Os materiais não chegam lá e ficam parados”, disse Souza. “Aquilo que foi possível ser utilizado como uniforme, foi.” 

Agora, uma parceria entre a pasta e a Secretaria Municipal de Assistência Social dará destinação aos uniformes. As roupas serão distribuídas para a população de risco. Souza disse as conversas foram iniciadas em outubro do ano passado, já que, segundo ele, caso fossem leiloadas, o interesse de compradores seria baixo. “Durante dois anos nós estudamos a possibilidade de fazer leilões, mas o interesse por comprar itens inadequados para alunos da rede pública é muito baixo. Temos certeza disso com base em análises de técnicos.” 

Não estoca. Na manhã desta quarta-feira, 6, a Prefeitura de São Paulo encaminhou uma nota sobre o tema. A administração já havia sido procurada antes da publicação da reportagem. O governo Haddad negou haver “estoque de três anos de uniformes escolares que podem ser distribuídos para a rede escolar”. 

De acordo com a Prefeitura, a Secretaria Municipal de Educação realizou em 2014 um pregão eletrônico que teve a participação de 18 empresas. A ganhadora foi a Integra e, de acordo com a administração municipal, a economia em relação a outros contratos é de R$ 4,5 milhões.