PUBLICIDADE

Doria paralisa ciclovia da Ricardo Jafet, após vereador da região reclamar da obra

Em vídeo, Camilo Cristófaro (PSB) afirma que mostrou ciclovia ao prefeito, que suspendeu a obra; CET diz que equipamento está sob avaliação

Por Felipe Resk
Atualização:
Ao lado da mureta, ciclovia da Avanida Ricardo Jafet ficou incompleta Foto: Willian Cruz/ Vá de Bike

SÃO PAULO - O prefeito João Doria (PSDB) suspendeu a implantação de uma ciclovia na Avenida Ricardo Jafet, na região do Ipiranga, zona sul de São Paulo. Morador da região, o vereador Camilo Cristófaro (PSB) afirma, em vídeo publicado no Facebook, que o prefeito decidiu parar a obra após uma reclamação feita por ele. A Prefeitura diz que a ciclovia foi autorizada pela gestão anterior e que só vai decidir se continuará a implantação após revisar o plano cicloviário.

PUBLICIDADE

Um trecho junto à mureta da Ricardo Jafet chegou a ser pintado de vermelho, mas a paralisação aconteceu antes mesmo de o equipamento atingir a largura de uma ciclovia normal. Em parte da Avenida, faixas de rolamento e sinalização também foram adequadas para receber a ciclovia.“Ela está em uma posição que não atrapalha em nada a circulação de carros. Em algumas áreas, a pintura foi feita até em cima de faixa zebrada”, diz o cicloativista Willian Cruz, autor do blog Vá de Bike.

Segundo Cruz, a ciclovia serviria para interligar o Museu do Ipiranga à Rua Santa Cruz e poderia conectar a malha com outros três equipamentos que já existem, mas estão isolados. “É uma rota muito boa em termos geográficos, porque a área é plana e corta toda a região do Ipiranga. Qualquer outro caminho tem um sobe e desce enorme”, afirma.

Herança. De acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), a ordem de serviço para implantar a ciclovia na Ricardo Jafet foi dada em 29 de dezembro, nos últimos dias da gestão Fernando Haddad (PT). Uma semana depois, já sob comando de Doria, a Prefeitura confirmou a obra. A autorização foi dada por um superintendente que havia sido nomeado por Haddad, mas que depois foi substituído pela administração atual.

Em vídeo publicado no dia 2 de fevereiro, Camilo Cristófaro afirma que mostrou ciclovia ao prefeito e que Doria teria mandado parar a obra 'na hora' Foto: Reprodução/Facebook

Em vídeo publicado no dia 2 de fevereiro, o vereador Camilo Cristófaro afirma que a paralisação ocorreu após ele reclamar da ciclovia para o prefeito. “Ontem, um dos nossos seguidores enviou para mim que estavam pintando ‘cicloguache’ na Avenida Ricardo Jafet”, diz Cristófaro, em gravação feita no local. “Eu estava ao lado do prefeito João Doria, mostrei para ele. Ele não tinha autorizado esse absurdo aqui”, completa, apontando a pintura no chão.

Cristófaro acusa “algum empreiteiro malandro” e “algum funcionário da Prefeitura malandro” de iniciar a obra, no vídeo. “Só que o prefeito de São Paulo demitiu, mandou na hora parar (a obra)”, afirma. No dia 1º, Doria participou da primeira sessão legislativa da Câmara Municipal de São Paulo, reunindo-se com líderes dos partidos.

Fundador de uma associação de moradores da Chácara Klabin e eleito com discurso contra a "indústria da multa", Cristófaro é colecionador de automóveis e também crítico das ciclovias. 

Publicidade

Procurado pelo Estado, o vereador confirmou que estava ao lado de Doria, quando recebeu uma mensagem de WhatsApp "de um munícipe revoltado e indignado com a pintura de 'guache' na Avenida Ricardo Jafet".

Segundo ele, a mensagem foi mostrada a Doria, que "com bom senso solicitou a suspensão da obra, pois não havia sido comunicado o governo que a 'ciclo-guache' seria pintada na perigosa e já referida Ricardo Jafet, Abraão de Morais e Imigrantes", diz o vereador. 

Cristofaro acrescenta, ainda, que o projeto não daria segurança ao ciclista, "pois a via é estreita e sempre vítima de enchentes". Ele afirma ainda que não é contra a construção de ciclovias, desde que sejam "segregadas, como na Avenida Brás Leme, Gastão Vidigal, Eliseu de Almeida e poucas outras".

No dia 1º, João Doria se reuniu com vereadores de São Paulo Foto: Divulgação/Prefeitura

Revisão. Em nota, a CET afirma que o motivo da paralisação é que o equipamento não havia sido submetido à revisão geral do plano cicloviário, que está em curso. “A continuidade ou não de sua implantação dependerá do resultado dessa revisão”, diz a companhia. “A gestão da malha cicloviária, assim como todas as demais ações da Secretaria de Mobilidade e Transporte (SMT), serão precedidas de amplo diálogo e debate com todos os envolvidos”, diz o texto. “A SMT reafirma seu compromisso com a mobilidade ativa, com o incentivo ao uso da bicicleta como modal de transporte e, principalmente, com o diálogo na gestão desse plano.”

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.