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Dom Odilo é agredido por mulher em missa na Catedral da Sé

Arcebispo não quis registrar boletim de ocorrência; Cúria não sabe o nome da mulher ou o motivo da agressão

Foto do author Adriana Ferraz
Foto do author Marcelo Godoy
Por Adriana Ferraz e Marcelo Godoy
Atualização:

Atualizada às 22h09

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O arcebispo de São Paulo, d. Odilo Scherer, foi agredido na manhã desta quinta-feira, 24, no fim da Missa do Crisma, que abriu as celebrações da Páscoa na Catedral da Sé, no centro da capital. A cerimônia lotava a igreja - era acompanhada por cerca de 400 padres e uma centena de seminaristas -, segundo a Cúria paulistana. Aos gritos de “comunistas, comunistas”, a agressora protestou. Disse ainda ao cardeal-arcebispo: “A minha Igreja não pode ser dirigida por pessoas como o senhor”.

A mulher era loira, de cabelos compridos. Aparentava ter cerca de 30 anos e vestia calça jeans e blusa preta, segundo vídeo que circulou na internet. A Cúria informou que não sabe o nome da mulher, mas disse que ela apresentava “sinais claros de algum transtorno”.

O protesto da fiel começou ainda durante a Santa Missa. Ela se manifestava em voz alta, atrapalhando o culto. Dizia, segundo a assessoria da Cúria, que a “Igreja tratava muito da reforma política e da reforma agrária”, quando devia era tratar “de reformar a Igreja”. Também afirmava, em voz alta, ser contrária à liderança do cardeal em São Paulo, dizendo ter sido “enviada por Deus”.

O cardeal D. Odilo Scherer Foto: MÁRCIO FERNANDES/ESTADAO

No fim da cerimônia, a agressora subiu ao altar e tentou se aproximar de d. Odilo, mas foi cercada por auxiliares. “D. Odilo, preciso falar com você”, pediu aos berros.

Bênção. O cardeal passou próximo da manifestante e, percebendo que ela continuava falando, abriu os braços para abraçá-la. Ela o abraçou e foi abençoada duas vezes pelo religioso. Em seguida, d. Odilo virou de costas, começou a caminhar e a mulher o seguiu.

Quando ele parou na frente do altar, a mulher levantou uma das mãos e o atacou, desferindo-lhe um safanão, que fez voar a mitra do religioso. Arranhou ainda o rosto do cardeal, que sangrou. A agressora retirou os óculos de d. Odilo. Ele e a mulher caíram no chão.

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Auxiliares ajudaram o cardeal e, enquanto ele se afastava, um grupo de cerca de dez pessoas rodeou a agressora, que ficou deitada no chão, ofegante. Um padre se ajoelhou para tirar seu pulso. “O Vaticano só quer poder”, dizia a mulher, segundo auxiliares do arcebispo.

A agressão aconteceu após a celebração da comunhão. Os cerca de 400 padres que estavam no local renovavam seus votos sacerdotais. Dois seguranças tiveram de contê-la, enquanto a levavam para fora da Sé. Foi quando ela passou a gritar para os religiosos presentes no templo, que se preparavam para sair em procissão: “Comunistas! Comunistas!”

A Polícia Militar foi chamada e conduziu a mulher para uma delegacia. D. Odilo não quis registrar boletim de ocorrência. De acordo com a Cúria, o arcebispo ficou com hematomas, mas passa bem. A Polícia Civil informou à Cúria que, mesmo assim, devia registrar um boletim para deixar documentada a agressão.

Lamento. Em nota, a Arquidiocese disse que “lamenta o ocorrido e pede a todos os católicos que participem com intensidade e devoção das celebrações do sagrado Tríduo Pascal de paixão, morte ressurreição de Jesus”. À noite, d. Odilo participou da celebração do lava-pés. / COLABOROU JOSÉ MARIA MAYRINK

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