Diminui índice de praias limpas em São Paulo

Em 2012, Cetesb considerava um terço delas como próprias para banho o ano todo; neste ano, total caiu para 1 em cada 6

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Por Fabiana Cambricoli
Atualização:

Para os turistas que se preparam para curtir o sol e o mar do litoral de São Paulo neste verão, a notícia não é muito animadora. O índice de praias paulistas que permaneceram próprias para banho em todas as semanas do ano caiu pela metade entre o ano passado e este ano, de acordo com dados da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb).

Em 2012, 35% das praias monitoradas pelo órgão conseguiram manter a bandeira verde durante todo o ano. Em 2013, esse índice caiu para 15%, segundo informações da companhia.

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Entre os municípios que registraram as maiores quedas estão alguns dos destinos preferidos dos turistas do Estado, como São Sebastião, Bertioga e Ilhabela. No primeiro, o índice de praias consideradas boas ou ótimas pela Cetesb, ou seja, que passaram 100% do tempo próprias, passou de 56%, em 2012, para 10%, em 2013. As badaladas Baleia e Juqueí foram duas das praias do município a saírem da lista de "cinco-estrelas".

Em Bertioga, o mesmo índice caiu de 44% para 11% no período. Já Ilhabela não teve nenhuma praia considerada ótima ou boa neste ano - no ano passado, a cidade teve 27% de praias nessa condição. A maioria das praias é avaliada pela Cetesb semanalmente. A praia é considerada imprópria quando a água tem índices de bactérias fecais acima do aceitável. O contato do banhista com os micro-organismos pode causar problemas como gastroenterites (inflamação do sistema gastrointestinal) e doenças dermatológicas.

Razões.

Cetesb e prefeituras apontam três razões para a piora nos resultados: aumento do volume de chuvas neste ano, crescimento populacional no litoral, sobretudo em ocupações irregulares, e rede de coleta e tratamento de esgoto insuficiente. "Tivemos chuvas muito fortes em algumas épocas deste ano. Quando isso acontece, a água vai lavando toda a superfície, levando a sujeira e o esgoto despejado de forma clandestina para o mar", explica Claudia Lamparelli, gerente do setor de águas litorâneas da Cetesb.

Ela afirma que o órgão já vem advertindo, em seus relatórios anuais, para as consequências do crescimento populacional desordenado no litoral. "Para o saneamento acompanhar esse crescimento é difícil. Em áreas irregulares, por exemplo, a Sabesp não pode instalar rede de coleta e tratamento de esgoto."

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Dados da Fundação Seade mostram que entre 2010 e 2013 as taxas de crescimento médio anual da população de Bertioga, Ilhabela e São Sebastião foram de 3,24%, 1,99% e 1,85%, respectivamente, enquanto a média do Estado foi de 0,87%. "Não tenho dúvida em dizer que o maior problema é o grande fluxo de pessoas que estão vindo para cá e se instalando de forma clandestina. Hoje, só 46% da cidade tem rede de coleta de esgoto. E em muitos bairros que têm a coleta os moradores não se conectam para não gastar com obras e pagar mais na conta de água", diz o secretário de Meio Ambiente de São Sebastião, Eduardo Hipólito do Rego.

Segundo ele, a prefeitura tem cobrado a Sabesp por mais investimentos, além de fiscalizar moradores para que façam a ligação com as redes de esgoto.

A Prefeitura de Bertioga também ressaltou o papel da chuva e do esgoto clandestino na piora da qualidade das praias. Em nota, a administração afirmou fazer fiscalização nas casas para checar se elas estão conectadas à rede de coleta. Disse ainda que a Sabesp tem investido na ampliação dos serviços de saneamento. Uma das obras, com investimento de R$ 46 milhões, é para 65 km de redes coletoras e possibilitar 3.722 ligações domiciliares. A Prefeitura de Ilhabela não se pronunciou.

Onda Limpa.

A Sabesp diz já ter investido, desde 2007, mais de R$ 2,1 bilhões em obras de saneamento no litoral. De acordo com a companhia, o programa Onda Limpa permitiu que o índice de esgoto coletado no litoral norte passasse de 36%, em 2008, para 51%, em 2013. A Sabesp promete ampliar esse número para 71% no ano que vem.

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