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Desrespeito às ciclovias continua em São Paulo

Carros, caminhões e motos utilizam a faixa como se fossem deles; promessa de Fernando Haddad é de que a GCM irá fiscalizar

Por Caio do Valle
Atualização:

SÃO PAULO - O desrespeito às novas ciclovias instaladas na cidade de São Paulo ainda é recorrente. Um dia após o prefeito Fernando Haddad (PT) anunciar que os guardas-civis também multarão irregularidades praticadas por motoristas e motoqueiros nas vias exclusivas das bicicletas, o Estado flagrou, na sexta-feira, atitudes não permitidas em alguns trechos. Até uma escada foi colocada no caminho dos ciclistas.

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Das vias visitadas pela reportagem, a situação era pior na Rua Barra Funda, entre a região central e a zona oeste. Por volta das 10h30, quatro veículos foram vistos parados na ciclovia, que fica rente à calçada, no lado esquerdo da rua. Um deles era um carro de manutenção da rede de telefonia, estacionado ao lado de um poste no qual técnicos ajustavam a fiação aérea. Para subir até os fios, os técnicos apoiaram a escada na ciclovia.

Um pouco mais para baixo, um caminhão de bebidas estava estacionado em cima da ciclovia, bloqueando-a parcialmente, enquanto era descarregado em um posto de combustíveis. Na Avenida Duque de Caxias, um carro foi visto passando por cima da ciclovia para estacionar em uma baia reservada, na altura do número 433.

A atendente Maria Euriclécia Moura, de 20 anos, passou a utilizar o sistema cicloviário do centro para levar e buscar da escola a filha de sete anos. "Ficaria mais seguro se separassem melhor a área da bicicleta do resto do asfalto", diz.

Do jeito que a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) tem instalado as ciclovias, apenas pequenos tachões as separam do leito dos carros. É uma solução diferente da adotada em outras cidades, como Buenos Aires, onde há prismas de concreto apartando as faixas.

Horário de pico. Na Duque de Caxias, nos horários de pico, motociclistas também costumam usar a bicicleta para fugir do trânsito, diz a dona de casa Rosangela Moreira, de 43 anos, que leva a filha para a escola com este meio de transporte. "Outro problema é a sinalização para os pedestres; muitos não olham para os dois lados para atravessar, e a ciclovia tem duas mãos."

A promessa de Haddad é de que os guardas-civis - há 6.383 em atuação hoje - comecem a fiscalizar a obediência às ciclovias ainda neste ano. O presidente do Sindicato dos Guardas Civis Metropolitanos de São Paulo (Sindguardas-SP), Carlos Augusto Sousa Silva, diz que nem todos serão treinados pela CET para esta finalidade. "Muitos trabalham em parques. Só uma parcela será capacitada." Ele diz ainda que São Paulo era uma das poucas cidades grandes do País em que a GCM ainda não estava habilitada para trabalhar no trânsito. Só com a CET atuando, o número de multas mais que dobrou do primeiro semestre de 2014 em relação ao mesmo período de 2013, com 10.263 autuações, ante 3.565, respectivamente. O total de janeiro a junho deste ano quase alcança o do ano passado inteiro, quando houve 10.666 autuações.

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