Delegado bate viatura em caminhão e morre em rodovia no interior de SP

Davi Rocha havia trabalhado de manhã em Rio Preto e viajava para assumir plantão em Fernandópolis; para sindicato, é um 'sinal do sucateamento' da polícia

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Foto do author José Maria Tomazela
Por Alexandre Hisayasu e José Maria Tomazela
Atualização:

SÃO PAULO E SOROCABA - O delegado Davi Ferreira da Rocha morreu depois de bater a viatura da Polícia Civil na traseira de um caminhão, na noite desta quinta-feira, 30, na Rodovia Euclides da Cunha (SP-320), em Cosmorama, no interior de São Paulo. Lotado no 4º Distrito Policial de São José do Rio Preto, onde trabalhou durante a manhã, o policial seguia para Fernandópolis, para assumir o plantão de 12 horas na Central de Flagrantes do município, quando aconteceu o acidente, no km 498. 

O delegado Davi Ferreira Rocha trabalhava em delegacias das cidades de São José do Rio Preto, Fernandópolis e Indiaporã Foto: Polícia Civil

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O motorista do caminhão, do tipo basculante, disse à Polícia Militar Rodoviária que parou após sentir o impacto na traseira do veículo e, ao perceber a gravidade do acidente, pediu socorro. Quando a unidade de resgate do Corpo de Bombeiros chegou, o delegado já estava morto. 

De acordo com a Polícia Militar Rodoviária, as condições da rodovia eram boas no momento da colisão. Um inquérito vai apurar as causas do acidente. 

O delegado já havia atuado na Delegacia Seccional de Rio Preto e, além de ser titular do 4º DP, respondia também pela delegacia da Polícia Civil em Indiaporã e dava plantões na Seccional de Fernandópolis.

A corporação e o Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) decretaram luto pela morte do policial.

'Sucateamento'. O sindicato afirmou, em nota, que o acidente é "mais um sinal do sucateamento da Polícia Civil paulista". Reportagem do Estado publicado no início do mês mostrou que dos 645 municípios paulistas, 256 não têm delegado titular. Há casos no interior de policiais que são responsáveis por até quatro municípios simultaneamente e convivem com a falta de investigadores e escrivães.

"Falta gente, o que obriga o delegado de polícia a responder por mais de uma delegacia, impedindo o seu descanso e violando as leis mais básicas da OIT (Organização Internacional do Trabalho)", escreveu a Sindpesp. "Segundo o quadro fixado pelo governo do Estado, faltam 9 mil policiais de todas as carreiras na Polícia Civil de São Paulo." 

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O sindicato lamentou ainda as "rotinas extenuantes" dos delegados, "deslocamentos diários por rodovias e plantões que podem alcançar mais de 36 horas ininterruptas".

"Muitos não encontram tempo para estarem com suas famílias, quiçá pescarem. É preciso mudar essa realidade com urgência", disse o Sindpesp.

Na página oficial da Polícia Civil, amigos e colegas de trabalho lamentaram a perda. O corpo do delegado será sepultado nesta sexta-feira, 31, às 17 horas, no Cemitério Jardim da Paz, em Rio Preto.