De olho em 2018, Doria faz mudanças no 1º escalão e promete reduzir viagens

Além de resolver atritos internos, objetivo é se concentrar em bairros periféricos e melhorar zeladoria

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Por Bruno Ribeiro e Pedro Venceslau
Atualização:

SÃO PAULO - Com diagnóstico de que precisa melhorar a imagem entre os paulistanos, de olho em 2018, o prefeito João Doria (PSDB) afirmou que vai reduzir o ritmo de viagens pelo Brasil e que deve “focar na periferia” nos próximos meses. Paralelamente, ele anunciou ontem a maior mudança em sua equipe para manter o apoio da base aliada, especialmente dentro de seu partido. Com isso, ainda pretende resolver atritos internos que estariam dificultando ações da Prefeitura, especialmente na zeladoria urbana, que tem sido motivo de reclamações. 

Ao fazer a mudança, Doria buscou transmitir a ideia de que a nova posição é um fortalecimento para Covas Foto: Hélvio Romero/ESTADÃO

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Doria ainda tem cinco viagens nos próximos dois meses para o Norte e o Nordeste, e pretende cumpri-las. Mas deixará de buscar novas saídas até o fim de ano. O alto número de deslocamentos – o prefeito viajou, na média, em um de cada cinco dias de seu mandato – também é alvo de críticas. O Ministério Público Estadual abriu inquérito para apurar as viagens. “Eu mesmo vou fazer um reposicionamento. Nosso foco, desde a semana passada, está mais determinado ainda na cidade e na periferia. Essa é nossa opção estratégica de fortalecimento da gestão na cidade”, disse ele ontem, no evento em que anunciou a reforma no 1.º escalão. 

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Conforme o Estado antecipou, o vice-prefeito, Bruno Covas (PSDB), saiu do comandado da Secretaria das Prefeituras Regionais, responsável pela zeladoria urbana. Ele vai cuidar da articulação política em uma nova pasta, a Casa Civil. A negociação envolveu ceder a Covas o poder de nomear cargos no governo a pedido de vereadores, além de liberar emendas parlamentares. Dentro da base aliada na Câmara, os antigos encarregados da negociação no Executivo, Julio Semeghini e Milton Flávio, vinham sendo criticados por não cumprirem acordos firmados com vereadores.

Ao fazer a mudança, Doria buscou transmitir a ideia de que fortalecia Covas, que nos bastidores já é chamado de “o prefeito mais jovem da cidade” (ele tem 37 anos), dada a possibilidade de assumir a Prefeitura a partir de abril, quando vence o prazo para Doria deixar a Prefeitura caso se candidate na eleição. 

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O anúncio, cercado de elogios de Doria a Covas, foi feito diante de militantes tucanos. Desde a semana passada, quando o braço direito do vice-prefeito, Fabio Lepique, foi demitido por Doria, uma ofensiva de aliados da dupla tomou os grupos de WhatsApp do partido – havia até um coração, similar ao logotipo do programa Cidade Linda, de Doria, com a sigla BC (Bruno Covas). Ontem, militantes gritaram: “Um, dois, três, é Covas outra vez”, em uma manifestação de apoio ao vice. 

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“Bruno e eu temos uma relação de igualdade. Que não haja dúvidas aos jornalistas, aos militantes, aos secretários. Ele foi eleito comigo, com o mesmo número de votos e a mesma confiança depositada por 3 milhões de brasileiros”, disse Doria. 

Zeladoria. No lugar de Covas, Doria colocou no comando das Regionais seu aliado Claudio Carvalho, ex-executivo da Cyrela, que já vinha trabalhando em um sistema de gerenciamento de ações de zeladoria a pedido do prefeito. Doria espera, com isso, reduzir queixas sobre limpeza pública e buracos nas vias. A ideia é reduzir o tempo de espera para atendimento das reclamações feitas por cidadãos. A troca acontece sem perspectivas de mudanças nos chefes de cada regional. “O que haverá é avaliação de desempenho de cada regional”, afirmou Doria. 

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A chegada de Carvalho ocorre às vésperas do início do programa de recapeamento de avenidas, que deve ser concluído ainda no primeiro semestre de 2018. São 70 vias – só quatro na região central – que devem ter o asfalto reformado. Isso resolveria uma das principais reclamações dos paulistanos, segundo diagnóstico que a equipe de Doria recebe das redes sociais. O programa deve receber R$ 350 milhões e será feito junto das ações de tapa-buracos.

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Ainda para evitar atritos partidários, Doria manteve Semeghini na pasta de Governo, mas sem atribuições ligadas à Câmara. O secretário, indicado à Prefeitura pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), ficará encarregado de articular ações entre secretarias, como o programa Recomeço, na Cracolândia. Milton Flávio, outra indicação de Alckmin, também vai trabalhar na Secretaria de Governo. 

Mais mudanças na equipe são esperadas para abril, quando ele deve deixar o cargo para concorrer à Presidência, vice ou ao governo paulista. Doria trava disputa interna com Alckmin dentro do PSDB para ser candidato ao Planalto. Numa eventual saída da Prefeitura, secretários mais próximos de Doria também entregariam os cargos.